Voltar

ATIVIDADE: Conservação de documentos

Foto: Arquivo FDR

 

Conservar acervos documentais contribui significativamente para o aumento da longevidade dos mesmos, evitando sua deterioração, o que assegura consequentemente o acesso à informação a todos que dela necessitarem.

Segundo Pinheiro (2009), “a conservação de documentos está baseada fundamentalmente em técnicas e medidas apropriadas para o prolongamento da vida útil dos suportes de informação”. É entendida como um conjunto de procedimentos que têm por objetivo de melhorar o estado físico do suporte e prolongar sua permanência e vida útil, viabilizando o acesso pelas futuras gerações.

Para Cassares (2000) “conservação é um conjunto de ações estabilizadoras que visam desacelerar o processo de degradação de documentos ou objetos, por meio de controle ambiental e de tratamentos específicos (higienização, reparos e acondicionamento)”.

Nesse sentido, a conservação abrange todo o acervo e inclui medidas e ações com o propósito de minimizar futuras deteriorações ou perdas, como procedimentos necessários para manuseio, higienização, pequenos reparos, acondicionamento, embalagem, segurança, controle ambiental (luz, umidade, poluição atmosférica e controle de pragas), etc.

 

CONTROLE AMBIENTAL

Em linhas gerais, os principais agentes de deterioração dos acervos documentais podem ser divididos em duas categorias: fatores internos e fatores externos. Os fatores internos estão ligados diretamente à composição do papel: tipos de fibras utilizadas, emprego excessivo de alguns produtos químicos, uso de tintas ácidas, etc.

Já os fatores externos têm essencialmente a ver com as condições ambientais onde o mesmo é guardado: temperatura, umidade relativa do ar, luz; poeira, poluentes atmosféricos, contato com outros materiais instáveis quimicamente; micro-organismos, insetos, roedores e outros animais; ação humana. Segundo Teixeira (2012), os fatores ambientais são as causas principais da deterioração dos acervos e influenciam diretamente na permanência do documento.

Embora, com muita frequência, não possamos eliminar totalmente as causas do processo de deterioração dos documentos, com certeza podemos diminuir consideravelmente seu ritmo, através de cuidados com o ambiente, o manuseio, a higiene, entre outros.

O controle ambiental é uma das principais medidas de conservação preventiva dos acervos documentais. Baseia-se na manutenção de condições climáticas ideais. A adoção dos parâmetros climáticos estabelecidos, em especial dos níveis ideais de temperatura e umidade relativa, impõe, na maioria dos casos, a utilização de sistemas mecânicos de climatização, como condicionadores de ar e desumidificadores.

 

HIGIENIZAÇÃO

De acordo com o Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística (ARQUIVO NACIONAL, 2005), a higienização corresponde, basicamente, à retirada, por meio de técnicas apropriadas, de poeira e outros resíduos, com vistas à preservação dos documentos.

A higienização de um acervo é um dos procedimentos mais significativos que há no processo de conservação preventiva. A poeira é considerada a grande inimiga da conservação dos documentos, pois contém partículas de areia que cortam e arranham; fuligem, mofo e inúmeras outras impurezas, atraem umidade e degradam papéis. Além de remover a poeira, sempre que possível, devem ser retirados objetos danosos aos documentos, como elásticos, grampos, clipes, prendedores metálicos, fitas adesivas ou resíduos de colas.

Para a higienização do acervo, que é um procedimento permanente e cíclico, são necessários instrumentos e equipamentos simples como trinchas ou pinceis macios, borrachas, espátulas, estiletes e mesas de trabalho adequadas, com iluminação eficiente.

 

REPAROS

Alguns documentos e obras, além da higienização, requerem uma intervenção que compreenda pequenos reparos, utilizando papel japonês ou outro alcalino e cola de metilcelulose para impedir rasgos maiores, ou mesmo perdas de fragmentos.

Os fragmentos são partes integrantes dos documentos que se desprendem, e tem importância vital para a obra, quando possuem dados integrantes do texto, ou partes da encadernação original.

Os pequenos reparos tem a dupla função de corrigir e prevenir à destruição do documento. De acordo com Cassares (2000), através de pequenos reparos pode-se prolongar a vida dos documentos.

É importante ressaltar que, essas intervenções não podem ser aplicadas em documentos muito danificados ou deteriorados. Neste caso deverão receber tratamento mais específico, como a restauração.

 

ACONDICIONAMENTO

De acordo com o Dicionário Brasileiro de Terminologia Arquivística (ARQUIVO NACIONAL, 2005), o acondicionamento corresponde à embalagem ou guarda de documentos visando à sua preservação e acesso.

Para Cassares (2000), o acondicionamento tem por objetivo a proteção dos documentos que não se encontram em boas condições ou a proteção daqueles já tratados e recuperados, armazenando-os de forma segura. Os acondicionamentos formam uma barreira contra os poluentes, a luz, a temperatura, a umidade relativa, o ataque biológico, e o manuseio. Cada situação requer uma análise e depende diretamente das condições em que se apresenta o documento.

Para cumprir sua função, que é a de proteger contra danos, o acondicionamento deve ser confeccionado com material apropriado, de qualidade arquivística e necessita ser projetado apropriadamente para o fim a que se destina. A qualidade é uma exigência necessária para o acondicionamento, pois esse material está em contato direto com os documentos. Os principais e mais utilizados materiais de acondicionamento são: papéis e cartões neutros ou alcalinos das mais variadas gramaturas; papelões de papelões de diversas gramaturas; filmes de poliéster; fita adesiva dupla neutra; cadarços de algodão; etc.

O propósito do acondicionamento é o de guardar, proteger e facilitar o manuseio do material que compõe um acervo.

 

REFERÊNCIAS

- ARQUIVO NACIONAL. Dicionário brasileiro de terminologia arquivística. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2005. 
- BECK, Ingrid. Manual de preservação de documentos. Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1991.
- CASSARES, Norma C.; MOI, Claudia. Como fazer conservação preventiva em arquivos e bibliotecas. São Paulo: Arquivo do Estado e Imprensa Oficial, 2000.
- MILEVSKI, R. J. Manual de pequenos reparos em livros. Rio de Janeiro: Projeto Conservação Preventiva em Bibliotecas e Arquivos: Arquivo Nacional, 1997.
- OGDEN, Sherelyn. Procedimentos de conservação. Rio de Janeiro: Projeto Conservação preventiva em Bibliotecas e Arquivos: Arquivo Nacional, 2001.
- PINHEIRO, Inês da S. M. Pela preservação da memória documental como uma garantia do acesso à informação, à memória e à cidadania. Revista ACB: Biblioteconomia em Santa Catarina, Florianópolis, v. 14, n. 2, p. 513-530 jul./dez., 2009.
- TEIXEIRA, Lia C.; GHIZONI, Vanilde R. Conservação preventiva de acervos. Florianópolis: FCC, 2012. 

Data da última modificação: 19/11/2020, 15:35