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Dissertação aborda sequelas gástrica da microcefalia por síndrome de zika

A pesquisa foi orientada pelas professoras Margarida Maria Castro Antunes e Maria das Graças Moura Lins Silva

Será defendida hoje (20), às 14h, no Nutes do Hospital das Clínicas da UFPE, a dissertação de mestrado “Motilidade gástrica, intolerância à dieta e estado nutricional em pré-escolares com microcefalia por síndrome de Zika congênita”, de autoria da aluna Georgia Lima de Paula, do Programa de Pós Graduação em Saúde da Criança e do Adolescente (PPGSCA). 

A pesquisa, que foi orientada pelas professoras Margarida Maria Castro Antunes e Maria das Graças Moura Lins Silva será avaliada por uma banca composta pelas professoras de professoras Giselia Alves Pontes da Silva (UFPE), Kátia Galeão Brandt (UFPE) e, por videoconferência, Elizete Aparecida Lomazi (FCM/Unicamp).

Resumo

Introdução: Intolerância à dieta (ID) interfere no adequado aporte de nutrientes e é frequente em crianças com dano neurológico. A Síndrome de Zika Congênita (SZC) é exemplo de extremo e precoce agravo cerebral. No atendimento a portadores de SZC, foram observados sintomas relacionados ao trato gastrointestinal, especialmente vômitos, regurgitações e intolerância a volumes de dieta, que comprometiam alimentação, crescimento e desenvolvimento. Embora agravo cerebral e disfagia pudessem justificar em parte esses achados, eles não explicavam os sintomas encontrados em crianças alimentadas por via alternativa, os quais poderiam estar relacionados a alterações no funcionamento do estômago. Como síndrome de descrição recente, os estudos relacionados à alimentação dessas crianças são escassos e incipientes. Objetivos: a) descrever motilidade gástrica, ocorrência de intolerância à dieta, e estado nutricional de pré-escolares com microcefalia por SZC; b) avaliar possíveis interferências das vias alternativas de alimentação nesses achados. Método: Estudo comparativo da avaliação ultrassonográfica da motilidade de antro gástrico, entre pré-escolares saudáveis e portadores de microcefalia por Síndrome de Zika Congênita. Esses últimos foram também avaliados como uma série de casos. Foram considerados intolerantes a volume aqueles que não conseguiam ingerir75% do valor de 15mL/Kg. A ultrassonografia avaliou áreas antrais em três tempos, permitindo cálculo da taxa de esvaziamento gástrico 15 minutos após a ingestão. Além disso, o exame descreveu frequência e característica das contrações, a partir das quais se calculou o Índice de Motilidade Gástrica. Nos pacientes, pesquisou-se, ainda, a presença e grau de disfagia, sinais de intolerância à dieta (vômitos, regurgitações, refeições prolongadas, aporte calórico insuficiente e intolerância a volumes) e realizou-se avaliação nutricional (antropométrica e de consumo calórico). Os índices antropométricos foram classificados em escores Z propostos pela Organização Mundial de Saúde. Resultados: 62% dos pacientes não apresentaram contrações antrais e houve menores tolerância a volume e taxa de esvaziamento gástrico deles em relação aos controles saudáveis. Os pacientes em via alternativa (VA) tiveram maior comprometimento desses parâmetros. O tempo de VA correlacionou-se positivamente com todos os índices antropométricos, exceto altura para idade. Intolerância à dieta (ID) ocorreu em 87% dos pacientes, sendo os sintomas predominantes: vômitos/regurgitações (60%), intolerância a volumes (51%) e refeições prolongadas (47%). Os achados de ID foram mais frequentes nos pacientes em VA, especialmente naquelas com gastrostomia. Quanto ao estado nutricional, 38,9% dos pacientes tinham baixo peso para idade, o mesmo ocorrendo em 50% em relação à altura. Magreza foi encontrada em 25,9%, enquanto risco ou excesso de peso, em 22,2%. Desnutrição por circunferência braquial e por dobra tricipital (DCT) foi encontrada em, respectivamente, 9,4% e 7,5%. Indícios de adiposidade também foram observados: DCT elevada em 17,5% e razão cintura/altura elevada em 56,6%. A desnutrição foi mais frequente nas crianças alimentadas oralmente, enquanto adiposidade e excessos, naquelas em VA. Conclusões: Crianças com SZC apresentaram déficit de contratilidade antral e elevada frequência de intolerância à dieta. Baixa altura foi o comprometimento do estado nutricional mais frequente e não foi associada ao tempo de uso de VA. A VA associou-se a maiores ID, dismotilidade gástrica e adiposidade.

Data da última modificação: 20/03/2019, 10:56