O INCampus é o informativo mensal interno da UFPE produzido pela Ascom.
CLIQUE AQUI para conferir as edições anteriores de 1999 e de 2003 a 2007.
Nº 209 Agosto 2018
UFPE destaca-se na Paleontologia e nas Geociências
Importantes pesquisas na área de Paleontologia e Geociências estão sendo realizadas na Península Antártica pela UFPE por meio da equipe liderada pela professora Juliana Sayão, do Campus Vitória, que se dedica aos estudos dos fósseis e das geleiras.
Matérias
Apresentamos esta edição especial do Incampus, que reúne importantes projetos em andamento na UFPE, projetando a Universidade para o futuro. Entre eles estão a criação do novo Campus de Goiana, na Zona da Mata Norte; a integração da Física com a Odontologia; as ações conjuntas do Campus Agreste com as prefeituras do polo de confecções (Santa Cruz do Capibaribe, Toritama e Caruaru); e a ocupação do prédio da Sudene por diversas atividades da Universidade cujo foco é o desenvolvimento regional.
Também comemoramos a finalização do Laboratório Integrado de Tecnologia em Petróleo, Gás e Biocombustíveis (Litpeg) – que congrega 12 laboratórios ligados aos Centros de Tecnologia e Geociências (CTG) e de Informática (CIn). O levantamento do acervo artístico e cultural da Universidade, que deverá ser concluído num prazo de sete anos, mereceu destaque, assim como as obras de requalificação do Complexo do Centro de Convenções, com a revitalização da Concha Acústica e a construção de um novo estacionamento e um cinema, trazendo um novo equipamento multiuso para a comunidade acadêmica e para a sociedade em geral.
Apresentamos ainda o Projeto UFPE Futuro – que indica diretrizes para os próximos anos, no tripé ensino-pesquisa-extensão; o Brave – Brazilian Virtual Exchange, programa de mobilidade acadêmica virtual para estudantes de graduação cursar disciplinas com interface internacional, ministradas on-line; e a importante participação da UFPE em pesquisas da Antártica, liderada pela professora Juliana Sayão, do Campus Vitória, nas áreas da Paleontologia e das Geociências.
A implantação de um novo campus da UFPE no município de Goiana, na Zona da Mata Norte do Estado, na visão do reitor Anísio Brasileiro, está inserida na concepção de uma universidade integrada e sistêmica, de maneira em que não haja competição entre os campi e que haja uma complementaridade entre eles. Para o dirigente, as atividades do Campus Recife, do Campus Vitória, do Campus do Agreste, do Campus Centro – projetos que a Universidade vai fortalecer nas áreas centrais da cidade –, e do novo Campus de Goiana devem se agregar, se somar, dentro de uma visão estratégica de futuro da Universidade.
“Faz parte da relevância da Universidade, da sua missão, do seu projeto de contribuir para um desenvolvimento inclusivo e autônomo de país estar presente não apenas na capital, como foi a nossa história, mas estar presente também no interior. É por isso que o projeto de interiorização, que foi conduzido na época pelo reitor Amaro Lins (gestão 2003-2011), foi um projeto que levou a UFPE para Vitória e para Caruaru, a partir de estudos que mostravam o impacto de uma universidade pública para o desenvolvimento da região. O resultado é que são dois campi de excelência e muito bem sucedidos”, destaca ele.
Para Anísio, a Universidade sempre pensou em um campus na região norte do Estado. Nesta região, ligada historicamente à cana-de-açúcar, onde já funcionam polo automotivo, fábricas de vidros e empresas ligadas à saúde, há uma necessidade, no seu entender, de se desenvolver e se transformar com foco nas novas tecnologias, para atrair novos empreendimentos e modificar a região de forma mais abrangente. O reitor lembra que, além dos jovens da região, existe uma rede de professores municipais e estaduais, principalmente das redes públicas, que precisam ter formação em nível de mestrado e de doutorado.
“Esse nosso interesse coincidiu com uma demanda do Ministério da Educação. Passamos um ano estudando e, ao final deste período, aprovamos no Conselho Universitário a criação do campus. O Conselho percebeu a importância de fortalecermos o projeto de interiorização da Universidade”, disse ele, destacando que o MEC destinou R$ 20 milhões para a construção de uma edificação, com laboratórios e salas de aula, gabinetes de professores, recursos que já estão à disposição da UFPE.
O MEC também aprovou a liberação de 42 vagas de docentes e de 32 vagas de técnicos administrativos para esta nova unidade. “Estamos aguardando a assinatura do Ministério do Planejamento para realizarmos os concursos, que devem acontecer neste segundo semestre, com a contratação após as eleições, no início do ano de 2019”, afirmou.
Neste momento, a UFPE está negociando um espaço com instituições públicas da região para iniciar as atividades no próximo ano em instalações provisórias. “Temos recebido um imenso apoio da prefeitura, de todos da comunidade. A Universidade tem sido bem acolhida pela região. Para o campus, precisamos de um terreno em ótimas condições, do tamanho do nosso campus em Caruaru, entre 12 e 14 hectares, que permite pensar no crescimento em longo prazo”, enfatizou o reitor.
CURSOS – A proposta é ofertar no semestre 2019.1 turmas dos cursos de bacharelado em Ciência, Tecnologia e Inovação e de licenciatura em Matemática, Física e Química, totalizando 120 vagas por ano. “Começaremos com estes dois cursos e, ao final de três anos, nós entramos com as quatro Engenharias. Tudo isso é absolutamente inovador. Um modelo de uma formação rápida, com competência e com qualidade, que desemboque em Engenharia e Tecnologias, que são absolutamente inovadoras”, disse.A magnitude e a velocidade do progresso técnico ocorrido nas últimas décadas, particularmente a partir da revolução da microeletrônica e da internet, têm afetado intensamente o modo como nos relacionamos, como interferimos no planeta, e como produzimos conhecimento e tecnologias, acelerando o tempo de realização de valor e a vida útil dos produtos, de um lado, e a rápida obsolescência de um grande número de ocupações, de outro lado, substituídas por algoritmos e pela robotização.
Por consequência, tal aceleração tem levantado questões sobre o padrão de formação profissional compartimentado e estanque que ainda tem caracterizado o ensino superior no mundo, baseado na acumulação de conhecimento. Sendo o conhecimento também sujeito a rápida obsolescência, bases curriculares e métodos de ensino-aprendizagem adequados aos novos desafios vêm se tornando cada vez mais relevantes. A formação profissional não deve se resumir ao acúmulo de conhecimentos específicos e datados, nem a períodos específicos da vida dos indivíduos. Ao contrário, a universidade contemporânea deve estimular os jovens a enxergar a realidade concreta em que estão inseridos, a partir de sólidos fundamentos científicos e visão humanística, e pesquisar soluções para os problemas observados.
Neste contexto, cabe à universidade promover em seus estudantes o desenvolvimento de hábitos de aprendizagem contínua, para serem capazes de se reinventar tantas vezes quanto forem necessárias ao longo de sua vida profissional. Ao lado de criatividade, capacidade de iniciativa e autodeterminação, estas são habilidades cada vez mais relevantes para que as novas gerações consigam enfrentar os desafios trazidos pela intensificação do dinamismo tecnológico.
Metodologias de ensino-aprendizagem inovadoras devem ser buscadas, capazes de mobilizar diferentes campos do conhecimento, aproximando saberes distintos e complementares em projetos inter-multi-transdisciplinares e colaborativos para resolução de problemas reais, das tecnologias digitais, inteligência artificial, robótica e automação às ciências humanas e sociais, dos novos materiais à neurociência, nanotecnologia e biotecnologia.
A UFPE está desafiada a enfrentar a construção desta nova universidade, reinventar-se para poder contribuir mais decisiva e consistentemente para o desenvolvimento qualitativo e soberano de Pernambuco, do Nordeste e do Brasil.
Por meio do Projeto UFPE Futuro, afirmamos que nós aceitamos o desafio. Estamos prontos para revolucionar a maneira como formaremos os cidadãos do futuro. Chegou a hora de criar cursos novos e de ocupar de forma estratégica diversos pontos do território, com campi inovadores, integrados aos territórios em que se situam. Com esse projeto, reafirmamos a necessidade de um modelo de universidade pública, gratuita e de excelência, articulado à produção mundial de conhecimento, mas inspirado pelo compromisso com seu contexto local.
O projeto destaca cinco diretrizes: 1. excelência na formação e inclusão social – com habilidades interdisciplinares conectadas ao contexto de seu território e às demandas por inovação oriundas da Sociedade; 2. qualidade e relevância na produção do conhecimento – em diferentes campos disciplinares, integrados a redes e fóruns globais de modo a promover o avanço da ciência; 3. difusão e troca de conhecimento com impacto na sociedade e na economia - de modo a estimular a interação entre saberes científicos e populares; 4. internacionalização como política de construção de conhecimentos para o exercício da solidariedade entre os povos e melhoria de vida das pessoas em níveis local e global; 5. eficiência na governança institucional – planejamento, compras e licitações em interação com os serviços universitários e com forte apoio das tecnologias de informação e comunicação, bem como compromisso com a sociedade e transparência.
Para tornar essas diretrizes práticas concretas, convidamos nossa comunidade acadêmica a integrar-se ao projeto e participar da articulação e repactuação de parcerias com órgãos públicos, com a iniciativa privada e com a sociedade civil organizada. Mudar faz parte da nossa tradição. Em sintonia com as novas competências que requer a Sociedade do Aprendizado e o mundo do trabalho, e em estreita integração com o Sistema Pernambucano de Ciência, Tecnologia e Inovação. Para a UFPE, o futuro é agora.
Anísio Brasileiro, reitor, e Ana Cristina Fernandes, coordenadora de Parcerias Estratégicas da UFPE
Ana Célia de Sá
A UFPE está ampliando o espaço físico para as atividades da Administração Central e de ensino, pesquisa e extensão do Campus Recife, com a incorporação do prédio da Sudene (Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste) ao patrimônio da Universidade. As ações de recuperação do edifício tiveram início no mês de maio, e o local começa a ser ocupado ainda este ano.
O Plano de Ocupação da Sudene será implementado de forma planejada e gradual. A proposta está sendo modelada por meio de debates técnicos entre os diversos atores da UFPE. “As proposições elaboradas pela Comissão Técnica de Infraestrutura são submetidas à análise e à aprovação da Comissão de Ocupação, formada por membros da gestão, de tal sorte que consigam atender às necessidades e aos anseios da UFPE. A ‘Fase 01’ contempla a reforma e a posterior utilização das áreas do subsolo, do restaurante e dos pavimentos 9° ao 13°. A utilização preliminar da edificação é projetada para setembro de 2018”, explica o arquiteto Carlos Falcão, que integra a comissão que coordena e gerencia a ocupação do prédio da Sudene. A equipe técnica trabalha com a possibilidade de uso parcial do edifício até 2019.
A revitalização integral do prédio prevê trabalhos de recuperação das cobertas, das esquadrias, da estrutura (pilares, blocos, lajes e brises), do sistema de prevenção e combate a incêndio, além da restauração das instalações elétricas e hidrossanitárias. Paralelamente, busca-se reabilitar o conjunto arquitetônico por meio da especificação de materiais eficientes que tenham uma longevidade maior, uma baixa manutenção e um menor custo de operação da edificação.
Todas as ações atenderão às determinações judiciais, somadas às responsabilidades da UFPE em propor o uso de áreas seguras, eficientes e confortáveis para a comunidade acadêmica. “Um prédio do porte do edifício Sudene terá um impacto grande nas atividades da UFPE. As atividades a serem desenvolvidas no local serão ligadas sobretudo ao desenvolvimento regional”, afirma o professor Mariano Aragão, coordenador da comissão para instalação da UFPE no prédio da Sudene.
Os custos globais de recuperação e de reforma do prédio ainda estão sendo modelados. Para isso, as necessidades estruturais, as determinações legais, o padrão de revestimento e a capacidade financeira da instituição estão sendo considerados. “É fundamental a elaboração de uma ocupação responsável e intimamente atrelada à disponibilidade financeira da instituição”, pontua Falcão.
O complexo arquitetônico da Sudene está inserido em um lote urbano de aproximadamente sete hectares, dos quais 2,5 hectares são de área construída. O prédio principal possui 17 andares, sendo 13 pavimentos tipo; dois pavimentos técnicos, localizados na parte superior da edificação; um pavimento térreo, responsável pelo controle de acesso do público externo; e um subsolo, que abriga serviços técnicos e operacionais e um estacionamento com 120 vagas. Na área externa, há outro estacionamento para aproximadamente 680 veículos.
CESSÃO – Diante da desocupação do edifício e com base nos documentos escriturais do terreno, que preconizavam a hipótese de que, em eventual interrupção das atividades da Sudene naquele endereço, o imóvel seria integrado ao patrimônio da UFPE, a gestão da Universidade pleiteou a posse do empreendimento ao Serviço de Patrimônio da União (SPU). A demanda foi acatada mediante o termo de cessão provisória, assinado no dia 5 de dezembro de 2017 – o processo definitivo está em tramitação.
Com a incorporação do prédio, a Universidade fica responsável pela manutenção e pelas atividades desenvolvidas no local. Atualmente, o Instituto Federal de Pernambuco (IFPE) possui concessão de uso para um dos anexos do prédio. No futuro, poderão ser firmados convênios e parcerias para ocupação do espaço por empresas ou órgãos que se identifiquem com a missão da UFPE.
*Ênio José Eskinazi
Na prancheta, a vida floresce. Nela realizamos viagens. Construímos triunfos. Harmonizamos agonias. Descobrimos abissais. Arquitetura é ciência quando usa a tecnologia mais adequada para resolver seus problemas. E a utiliza com tanto rigor e inventiva que encanta. Aí, torna-se arte. Espaços e volumes arquiteturais são reflexos um passo à frente da realidade. Investigação e pesquisa fazem parte do labor projetual. Retribuem ao social conceitos e novos comportamentos como troféus da luta incansável por aprimoramentos. Seus usos e leituras devem ser encantadores. A tecnologia abriu um leque fantástico ao repertório da construção civil. Cabe ao arquiteto o entendimento e seleção das melhores oportunidades. Que surjam estruturas transparentes, equações da Física, da Matemática, inteligentes, austeras na modenatura, empenas gloriosas. O Edifício da Sudene, em sua fase de formulação e concepção arquitetônica, percorreu dois momentos distintos a partir do convite para elaboração do projeto arquitetônico e complementares de engenharia. O primeiro momento contou com a participação dos arquitetos e professores Glauco Campello (coordenador), Armando de Holanda e Luiz Lacerda Nilo, que consolidou o programa de necessidades, as relações funcionais e o pré-dimensionamento dos espaços. Neste momento, a produção arquitetural foi interrompida na fase de anteprojeto.
Primeira proposta
“A Arquitetura, como outros produtos da atividade humana, reflete as inquietações, os desejos, as condições técnicas e materiais, os ideais, as necessidades e as imposições ditadas pelo mundo, ou melhor, pelo jogo conflitante de forças no mundo, em cada época, em cada lugar.” “Proposta arquitetônica para sede da Superintendência de Desenvolvimento do Nordeste (Sudene), no Recife, em área especial, vizinha à Universidade Federal de Pernambuco, na Várzea. Nela, destacam-se as formas predominantes da Sala do Conselho Consultivo e do grande auditório, em contraponto com as duas lâminas para atividades técnicas e administrativas e o conjunto de apoio aos funcionários, com áreas de serviços e lazer mais ligados ao jardim. O trabalho foi interrompido na fase de anteprojeto. A construção que afinal veio a ser realizada baseou-se em projeto de outra equipe de arquitetos.”
Textos, fotos e desenho retirados do livro de Caderno de Arquitetura - Glauco Campello – Editora da Cidade – 2015
Segunda proposta
Atendendo a novo convite oficial, foi formada outra equipe de arquitetos para continuidade dos trabalhos, composta pelo arquiteto e professor Maurício Castro (coordenador), e os arquitetos Paulo Roberto de Barros e Silva, Ricardo Couceiro e Pierre Reithler, que elaborou o projeto arquitetônico norteador da construção do edifício existente, que, embora obedecendo a outras decisões técnicas, manteve o sabor composicional com lâminas de atividade arqueadas atendendo a orientação leste/oeste e lastreadas pelos programas térreos em desenho mais solto. As lâminas possuem estruturas em concreto armado na modulação de 6,00 m e atenção especial ao conforto ambiental interno, com o uso de peitoril ventilado e microvenezianas entre vidros nas esquadrias para controle da iluminação natural no flanco leste. Este projeto foi concluído em 1968 e o prédio foi inaugurado em 1974.
*Arquiteto e urbanista, professor aposentado de Arquitetura e Urbanismo na UFPE, é assessor de Projetos Especiais da Superintendência de Projetos e Obras, ligada ao Gabinete do Reitor
Renata Reynaldo
No mês de dezembro deste ano, a UFPE vai ver concretizado um sonho coletivo que há, pelo menos, 12 anos vem sendo acalentado. O Laboratório Integrado de Tecnologia em Petróleo, Gás e Biocombustíveis (Litpeg), cuja captação de recursos teve início em 2006, junto ao Centro de Pesquisas da Petrobras (Cenpes), estará com sua obra concluída e irá reunir as atividades, numa mesma edificação, de 12 laboratórios, hoje majoritariamente vinculados ao Centro de Tecnologia e Geociências (CTG), envolvendo, ainda, docentes do Centro de Informática (CIn).
Essa empreitada, coordenada pelo professor Paulo Lyra, do Departamento de Engenharia Mecânica (Demec) da UFPE, tem como principal objetivo o desenvolvimento em caráter multi, inter e transdisciplinar de atividades de ensino, pesquisas, inovação e extensão voltadas à cadeia produtiva da indústria do petróleo, gás e combustíveis renováveis.
Com a reunião dos laboratórios de Petróleo e Derivados (LPD); Bioprodutos (LB); Química (LQ); Geologia Sedimentar (Lagese); Petroquímica (LP); Refino (LR); Síntese e Lubrificantes (LSL); Biocorrosão e Corrosão (LBC); Simulação e Gerenciamento de Reservatórios (Siger); Computação Científica e Visualização (RTCCV); Biologia Molecular e Tecnologia Molecular (Labiota) e de Geomecânica (LG), o Litpeg terá entre suas principais funções integrar o CTG/Escola de Engenharia de Pernambuco (UFPE) com a indústria, governo e sociedade, além de estimular na academia o interesse pelo estudo, pesquisa e extensão em relação às pesquisas em petróleo e gás.
Segundo o coordenador, também integram o complexo voltado para petróleo, gás e questões ambientais, o Centro de Estudos e Ensaios de Riscos e Modelagem Ambiental (Ceerma) e o Laboratório de Monitoramento Ambiental (LMA), já construídos e financiados pela Petrobras e localizados em área adjacente ao conjunto de laboratórios.
O Litpeg, por sua vez, envolve três edificações: prédio principal, galpão para instalação de plantas-pilotos e bloco técnico de apoio, além de área externa com estacionamento, passeios e jardins. “Simultaneamente à etapa final de construção do espaço, estamos finalizando um projeto para captação de recursos que vai financiar a contratação, por período de três anos, de pessoal técnico operacional e administrativo para o suporte necessário ao funcionamento e à manutenção de toda a infraestrutura, além da aquisição e da instalação dos equipamentos, assim como efetuar a migração dos laboratórios, hoje existentes, para o novo prédio”, adianta o professor.
Também se encontra em andamento a elaboração do estatuto do Litpeg, bem como de uma apresentação descritiva do mesmo, que será submetido ao Conselho Universitário, com o fim de transformar o empreendimento em um instituto com autonomia de gerir seus recursos e subordinado diretamente à Reitoria. “O Litpeg já vai nascer atendendo aos requisitos fundamentais para que se transforme em instituto, como a atuação em rede articulada com centros acadêmicos, universidades, unidades de pesquisa e inovação e organizações públicas e/ou privadas; dimensão interdisciplinar e abrangência internacional”, avalia Paulo Lyra.
Saiba mais
Serão inúmeros os ganhos do novo espaço para a UFPE. O professor Paulo Lyra enumera alguns, como a possibilidade de ampliar as atividades de cada um dos 12 laboratórios agrupados, de atacar mais efetivamente os problemas multidisciplinares, de fomentar o desenvolvimento de novos projetos de pesquisa e até mesmo criar meios muito mais propícios à implantação de áreas de concentração e/ou pós-graduações conjuntas.
O Litpeg em números
Investimento e área
R$ 76.565.851,85 é o valor total apoiado para o empreendimento (em 22/12/2012)
13.280,89 m² de área total
Bloco dos laboratórios
12.222,57 m² é a área destinada ao Bloco dos Laboratórios (BLA) com sete pisos
12 laboratórios vão funcionar no prédio
181 salas nos laboratórios
Ambientes coletivos
9 salas no 6º andar + restaurante e cozinha
14 banheiros masculinos e 14 banheiros femininos
6 almoxarifados
5 copas
1 Centro de Convenções, com 6 salas, no 1º andar
Pessoal envolvido
84 professores
400 pessoas, entre técnicos, docentes, bolsistas e pesquisadores
Unidade-piloto
829,57 m² é área do Galpão de Unidades Piloto (UNP)
7 salas
2 banheiros masculinos e 2 banheiros femininos
1 copa
228,75 m² é a área do Bloco Técnico/Utilidades, que inclui, estação de tratamento de esgotos, unidade central do sistema de refrigeração, casas de bomba, estação elevatória, depósitos para lixos diversos etc.
Eliza Brito
Todo o complexo do Centro de Convenções (Cecon) da UFPE estará requalificado até 2020. A previsão está dentro do cronograma de reformas que estão sendo realizadas há dois anos. “As primeiras alterações iniciaram-se em março de 2016, com a reforma da coberta. Em 2017, teve início a elaboração do Projeto Executivo para Requalificação e Reestruturação de todo o Complexo do Centro de Convenções. Este ano, foram iniciadas as obras de requalificação da Concha Acústica e do estacionamento”, destaca a diretora do Cecon, Ana Julia Melo, que é professora do Departamento de Hotelaria e Turismo (DHT).
De acordo com a Pró-Reitoria de Planejamento, Orçamento e Finanças (Proplan), já foram aplicados no processo de requalificação do Cecon R$ 18.838.399,61, com recursos oriundos da Lei Orçamentária Anual UFPE e da Secretaria de Educação Superior (SESu) do Ministério da Educação (MEC). Para dar continuidade ao processo, a UFPE tem cadastrado para este ano um Termo de Descentralização de Crédito (TED) na SESu/MEC, no aguardo de liberação de orçamento, no valor de R$ 20 milhões. Para 2019, são esperados R$ 15 milhões, com recursos oriundos da SESu/MEC, e mais R$ 8 milhões da LOA UFPE.
A requalificação do Cecon da UFPE foi baseada em um novo conceito de centro de convenções, baseado nas tipologias de eventos, lazer e entretenimento. “Foi necessário identificarmos a infraestrutura que possuíamos e quais estruturas são necessárias para um centro de convenções moderno, que realize diferentes atividades simultaneamente, de forma exemplar e sem prejuízo para nenhum dos possíveis eventos concomitantes”, explicou a diretora. A ideia é que o Cecon atenda às expectativas da instituição, além das necessidades da comunidade externa e do mercado.
NOVOS ESPAÇOS – Atualmente, o Centro de Convenções conta com uma pequena parte administrativa em funcionamento, que tem o objetivo de garantir a manutenção do que se tem hoje e planejar, organizar e estruturar toda a requalificação. As reformas objetivam garantir a requalificação da unidade e a criação de novos espaços em suas instalações, tais como um cinema, com capacidade para 200 pessoas, e quatro anfiteatros: três com capacidade para 200 pessoas e um outro para acolher 300 pessoas; além da revitalização de seu teatro, da Concha Acústica e espaços para exposições e eventos científicos e culturais.
Para realizar as obras no teatro do Cecon, será preciso realizar um processo licitatório, que deve ser iniciado ainda este ano. “Transcorrendo todas as etapas em conformidade, a previsão de entrega desta obra fica entre o final de 2019 e o início de 2020”, explica Ana Julia. O prédio do cinema ainda não começou a ser construído, mas, em 2014, foi iniciada a adequação de um dos espaços de eventos do centro para receber provisoriamente a sala de cinema. “O espaço está sendo finalizado e funcionará como cinema, já a partir deste ano, até que o prédio exclusivo para a unidade esteja pronto”, afirma a diretora do Cecon.
“Em termos práticos, tais mudanças propiciarão à UFPE ambientes melhores, mais modernos e em maior quantidade para o atendimento da tríade ensino, pesquisa e extensão. Os benefícios transcendem o âmbito da UFPE, estendendo-se também à população e ao mercado pernambucano e nordestino, por meio do oferecimento de estrutura que permitirá o incremento de iniciativas e de atividades de cultura, lazer e entretenimento, capacitação profissional, eventos científicos e mercadológicos, entre outros”, finaliza a diretora Ana Julia Melo.
Renata Reynaldo
Até o final deste ano, a UFPE vai contar com mais uma publicação como parte do seu acervo de obras culturais. Após a edição do livro “Universidade Federal de Pernambuco: Patrimônio Artístico em Exibição”, em 2017, que reuniu alguns bens culturais e obras de artes encontradas no centros acadêmicos do Recife, já está em fase de produção o catálogo com o levantamento das pinturas, mobiliário, placas, painéis, esculturas ou gravuras da Faculdade de Direito do Recife (FDR). A iniciativa, que conta com profissionais e estudantes das áreas de Museologia, Artes Visuais e História envolvidos no Programa de Extensão Universitária do Inventário do Patrimônio Cultural Tangível da UFPE, é coordenada por Rebeca Matos, do Centro Cultural Benfica, e dirigida pelo professor Luis Reis, da Diretoria de Cultura da Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proexc).
Com o objetivo de realizar o levantamento de todo o acervo cultural material e de institucionalizar a prática e metodologia de catalogação das obras da Universidade, o programa de extensão tem o prazo de sete anos para inventariar todos os bens de relevância culturais e artísticas da UFPE. Esse processo consiste em catalogar as peças com o máximo de informações possíveis, como local onde se encontra, autoria, material, peso, estado de conservação, descrição e outros dados. Segundo Rebeca Matos, uma das dificuldades encontradas no processo de arrolamento é a falta de conhecimento sobre alguns bens, como autoria, época, procedência. “Entre os objetivos dessa iniciativa estão, além de cumprir os aspectos legais, o de preparar o terreno para que futuros pesquisadores possam descobrir e agregar informações que não temos hoje”, afirma Rebeca. Para Luis Reis, “a catalogação é uma passo inicial para a UFPE se apropriar do seu patrimônio que é parte integrante da sua identidade”.
INICIATIVA – O ponto de partida para esse movimento de resgate do acervo cultural material da UFPE teve registro em 2003, quando uma comissão, coordenada pelo museólogo Albino Oliveira, hoje servidor da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), fez uma planilha com um inventário de obras de arte presentes em alguns espaços da UFPE. O objetivo de então era levantar os valores das peças, o que já implicava numa catalogação mais abrangente. Concluído em 2004, junto com o trabalho, foi realizado um parecer técnico reiterando a importância da salvaguarda dos acervos da UFPE e propondo a criação de uma Coordenação de Patrimônio Cultural com a finalidade de desenvolver normas e fomentar e coordenar ações visando a identificação, qualificação, proteção e valorização dos bens culturais da UFPE.
Reiniciado por iniciativa do reitor Anísio Brasileiro e pelos professores Emanuela Ribeiro e Bruno Melo, do Departamento de Museologia, o projeto também atende à prescrição legal. Como órgãos públicos, as universidades federais compartilham da responsabilidade citada na Constituição Federal, que determina, em seu art. 216, que se “constituem patrimônio cultural brasileiro os bens de natureza material e imaterial, tomados individualmente ou em conjunto, portadores de referência à identidade, à ação, à memória dos diferentes grupos formadores da sociedade brasileira (...) § 1º - O Poder Público, com a colaboração da comunidade, promoverá e protegerá o patrimônio cultural brasileiro, por meio de inventários, registros, vigilância, tombamento e desapropriação, e de outras formas de acautelamento e preservação”.
Entrevista – professor Humberto Carneiro, pesquisador do acervo artístico cultural da FDR
Como pesquisador do acervo de obras da FDR, o sr. poderia nos adiantar qual o valor das peças? Aferir o valor de obras de arte é sempre uma tarefa muito difícil, sobretudo se considerarmos o valor de afeição do acervo da Faculdade de Direito do Recife, mais que centenário. Quanto ao valor histórico e que representa muito para nós que fazemos a faculdade, temos alguns quadros pintados especialmente para ornar o edifício concluído em 1911 e inaugurado em 1912, onde atualmente funciona a FDR.
Em termos gerais, qual é o estado de conservação dessas obras? Algumas obras estão em bom estado de conservação, sobretudo em razão dos esforços da gestão da professora Luciana Grassano à frente da faculdade quanto ao restauro de parte do acervo pela Fundação Joaquim Nabuco. Outras, porém, merecem reparos urgentes. A conservação preventiva é um desafio a ser enfrentado com afinco quanto a todas as peças.
O que representa a catalogação desse acervo? A catalogação deste acervo representa a demonstração de zelo da UFPE, mas trata-se de uma medida que deveria ter sido há muito realizada, sobretudo considerando a permanente atenção que deve ser dada a tais peças, através da conservação preventiva. Além disso, também é uma forma de democratizar o acesso a estas peças, visto que muitas integram a decoração de áreas em que funcionam atividades administrativas de acesso reservado. Com isso, a Faculdade de Direito do Recife torna-se mais conhecida e reconhecida como um patrimônio de todos os brasileiros.
Renata do Amaral
Há pouco mais 20 anos, quando começou a graduação em Ciências Biológicas, não passava pela cabeça da carioca Juliana Sayão, hoje com 42 anos, que ela estudaria fósseis – nem muito menos que ela seria responsável pela descrição de um novo pterossauro –, ou que faria parte do Projeto Paleontar, na Antártica, por três anos seguidos. A professora do Núcleo de Ciências Biológicas do Centro Acadêmico de Vitória (CAV) da UFPE começou por acaso na Paleontologia: já no 2º período, iniciou um estágio com o professor que seria seu orientador da vida inteira, Alexander Kellner, do Museu Nacional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) – onde também viria a fazer mestrado e doutorado – e apaixonou-se pelo trabalho.
A entrada na UFPE também não foi exatamente planejada, pois contou com a dica de uma amiga: sua colega da turma do doutorado, a bióloga Sônia Agostinho, do Departamento de Geologia da UFPE, informou sobre uma vaga pra professor substituto no Centro de Tecnologia e Geociências (CTG) e “intimou” a amiga a prestar concurso. Em 24 horas, Juliana organizou a documentação e se inscreveu, mesmo sem nunca ter vindo ao Recife antes. Duas semanas depois, fez a prova e passou. “Foi tudo no susto, de supetão, mas me apaixonei pelo Recife e pela UFPE”, conta a professora, que chegou a Pernambuco em plena época de prévias carnavalescas e tinha quase a mesma idade que seus alunos na época.
Depois de dois anos como substituta, fez um pós-doutorado no CTG e, logo em seguida, surgiu a oportunidade do concurso para o campus de Vitória de Santo Antão. “Era um campus novo, com corpo docente super jovem, e fui bem recepcionada por todos os colegas”, lembra. Há quase dez anos como professora efetiva, ela foi indicada pelos acadêmicos permanentes da Região Nordeste e do Espírito Santo para um mandato de quatro anos (2014-2018) como membro afiliado da Academia Brasileira de Ciências (ABC), categoria voltada para jovens pesquisadores. Confira a entrevista na página ao lado:
Entrevista
Como se deu a descoberta do pterossauro Maaradactylus kellneri, que viveu há 111 milhões de anos? Eu tenho uma colaboração muito forte com o pessoal da Universidade Regional do Cariri (Urca) desde a época em que eu fazia iniciação científica, em 1999, e estudei material do Araripe até o doutorado. Agora estou muito mais próxima geograficamente, o que também trouxe um estreitamento dos laços acadêmicos. Em uma escavação, eles encontraram três blocos de rocha com o que pareciam ser fragmentos de crânio. Eu e o então mestrando Renan Bantim fomos trabalhar o material e vimos que era uma espécie nova. Foi um trabalho que começou sem a menor pretensão e se transformou em algo especial.
Como foi a repercussão desse achado? A gente descreveu essa espécie nova e deu a ela o nome de Maaradactylus kellneri em homenagem ao meu orientador, que também foi uma espécie de coorientador informal do Renan, um grande parceiro do pessoal da Urca e um grande estudioso de pterossauros. Houve uma grande repercussão e despertou o interesse de muitos pesquisadores internacionais, que vieram ao Brasil para olhar esse material e usar nos seus estudos de forma comparativa. Foi muito legal ver o trabalho de um aluno que estava começando a sua carreira acadêmica já render esse fruto tão interessante que foi a gente conseguir publicar essa espécie nova.
Como se deu sua inserção no Projeto Antártica? A Antártica foi um presente que eu ganhei depois de muitos anos de trabalho duro na Paleontologia, coordenando o grupo de pesquisa que temos no CAV e que recebe estudantes de outras partes do Brasil para treinar na técnica em que somos experts. Acabei recebendo o convite para ser a vice-coordenadora do projeto. A gente volta de um campo e já começa a trabalhar no seguinte, é um projeto contínuo que demanda muita energia, tempo e cuidado. Alexander Kellner é o coordenador e a gente movimenta o projeto junto com Douglas Riff, da Universidade Federal de Uberlândia (UFU).
Como é lidar com o frio polar durante a pesquisa? A Operação Antártica começa em outubro e termina em março. Ao longo desses meses, diversos grupos de pesquisa vão e voltam. Para o grupo de Paleontologia, a pesquisa acontece em dezembro e janeiro, quando já é possível ver o chão porque a neve derreteu um pouco. A temperatura fica entre 0ºC e -7ºC, mas o vento é de 60 km/h em média, o que leva a uma sensação térmica de -30ºC ou -40ºC. A sensação do frio é muito grande o tempo inteiro. Prefiro um dia nevando sem vento a um dia de sol com vento. O melhor dos mundos é um dia de sol sem vento, dá até para andar de camiseta!
Como é a rotina na Antártica? Ir para a Antártica mexe com o imaginário de todo mundo. Não sei nem descrever exatamente como é, você tem que estar lá para ver. As fotografias são lindas, os vídeos são incríveis, mas a vivência é muito forte. A cada dia você acorda e aquele dia é diferente do dia anterior. As provações que o ambiente, a equipe, o trabalho e o estresse causam são únicos. O confinamento cria laços muitos fortes no grupo. Quando você volta, sente uma estranheza nesse mundo aqui fora. É muito difícil a adaptação. Eu não consigo mais entender a minha vida sem a Antártica. Já virou uma simbiose.
De que forma todo esse trabalho repercute no Campus Vitória? Temos um grupo muito bom que está lá hoje, incluindo alunos de iniciação científica, monitoria, extensão. Realizamos um projeto de extensão de Paleontologia interativa, que busca aproximar a Universidade da escola. Construímos vários modelos de crânio de dinossauro e de reconstrução em vida de vários fósseis e realizamos uma vivência com alunos da escolas públicas e privadas uma vez por mês, com foco nos alunos do fim do Ensino Fundamental. Estamos cumprindo nosso papel de divulgar a ciência no município. É bem gratificante não estar só encerrado na pesquisa, mas levá-la para o público em geral.
Quais os planos para o futuro? Em breve, deve sair a publicação, já aceita, de uma nova espécie de dinossauro do Rio Grande do Sul, uma descoberta do Laboratório de Paleontologia (Paleolab) da Universidade de São Paulo (USP) de Ribeirão Preto. Eles tinham um material de tamanho muito pequeno, então eles me procuraram para saber se isso acontecia porque ele era jovem ou se era uma espécie pequena mesmo. Isso era fundamental para eles delinearem o trabalho e o resultado foi bem interessante. O trabalho foi desenvolvido no CAV e os pesquisadores vieram para cá. Depois de uma publicação em conjunto na revista científica Science no ano passado, estou estreitando relações com colegas chineses. Tenho uma viagem planejada no segundo semestre para realizar um trabalho com outros materiais. É uma cooperação muito relevante. Também quero seguir com a Antártica e já tenho outro campo programado para lá no final do ano. Nesse último campo, a gente achou um material bem interessante, talvez o mais importante ao longo dos dez anos de projeto, que deve render bons frutos.
*Anderson S. L. Gomes
A interdisciplinaridade é uma forma de articulação entre disciplinas onde existe uma temática comum e uma relação e cooperação, buscando soluções de problemas através da articulação entre as disciplinas. Há 18 anos, começamos uma interação interdisciplinar entre a Física e a Odontologia na UFPE, inicialmente na graduação e, em seguida, no Programa de Pós-Graduação em Odontologia. O ponto de partida foi a oferta de uma disciplina chamada “Lasers em Odontologia”, que gerou interesse nos estudantes e alguns professores para utilizarem técnicas de óptica – além de lasers, técnicas de geração de imagens – em pesquisa básica e clínica em Odontologia. De fato, no PPG-Odonto já havia um grupo utilizando lasers, cuja sequência de trabalho foi prejudicada pela saída de um professor do quadro. A partir de 2001, passei a fazer parte do PPG-Odonto, e a orientar estudantes de iniciação científica, mestrado e doutorado. O resultado tangível desta interação frutífera foi a formação de 19 mestres e quatro doutores no programa, cujas teses e dissertações versaram sobre o uso de lasers e tomografia por coerência óptica (uma técnica de imagem para diagnóstico) no estudo de materiais dentários e de tecidos duros e moles na cavidade oral, tanto in vitro, ex vivo e in vivo (clinicamente). Os resultados destas teses e dissertações também se transformaram em mais de 30 artigos completos publicados em revistas de circulação internacional e cerca de 40 apresentações em congressos nacionais e internacionais, sempre com a coautoria dos estudantes do programa, e de professores coorientadores. É importante salientar que esta colaboração se estendeu nos últimos três anos a uma interação com o grupo de Reumatologia da UFPE, além de um grupo de pesquisa na Asces-Unita, em Caruaru.
O que a Física e a Odontologia têm em comum do ponto de vista científico? Como explorar as técnicas utilizadas na física para beneficio do diagnóstico e tratamento odontológico? Existem vários exemplos, mas vamos nos ater aqui ao uso de uma técnica de imagem conhecida como tomografia por coerência óptica (OCT, sigla em inglês) que já é muito usada na Oftalmologia para avaliação da retina. O tema é parte do campo da Biofotônica, ciência que usa a luz na interação com meios biológicos. É uma técnica que gera imagens similar ao ultrassom, mas usa luz, e tem como vantagem a possibilidade de medir dimensões bem pequenas, da ordem de 10 micrômetros (10 vezes mais fino que um fio de cabelo), em tempo real e em três dimensões. Mais ainda, a técnica de OCT consegue ver “dentro” do tecido biológico, sendo, portanto, indolor e não invasivo, como se fizesse uma biópsia óptica. A desvantagem é que só penetra tipicamente até 2-3mm, o que é suficiente para obter muita informação e fazer bons diagnósticos. Desde 2005, utilizamos esta técnica com equipamentos desenvolvidos no Departamento de Física (DF) da UFPE ou adquiridos comercialmente e adaptados para uso odontológico. Porém, o mais importante nesta interação é a motivação dos estudantes em aprender novas técnicas de diagnóstico e tratamento além do que se aprende no currículo formal, e não ter medo de ir para o laboratório do DF e manipular os equipamentos. Esta formação altamente qualificada não tem preço.
Um outro ponto importante desta interação decorre do fato de que os estudantes geram os problemas a serem resolvidos. Eles sempre perguntam: professor, o OCT pode analisar tal coisa? Esta tal coisa pode ser cárie incipiente de esmalte, profundidade de bolsa periodontal, ou como alguma resina ou cimento se comporta em determinadas situações. Minha resposta sempre é: faça uma busca na literatura e vamos fazer uns testes. Os resultados sempre são positivos, pois mesmo que já exista algo na literatura, eles inovam e pensam coisas novas. E realizam. Este exemplo – e devem existir outros – aponta um caminho essencial para a formação dos profissionais do século XXI, para os quais a UFPE deve estar atenta e praticar mais: a interdisciplinaridade como base para uma mudança de paradigma na pesquisa, ensino e extensão. A relação ensino-aprendizagem precisa mudar, e se tornar uma relação aprendizagem-aprendizagem. O mais experiente (o professor) tem muito que ajudar os menos experientes (estudantes) a desenvolverem suas habilidades. E o professor também aprende.
*Professor titular do Departamento de Física e membro permanente do Programa de Pós-Graduação em Odontologia
Renata do Amaral
Não é novidade que o Campus Caruaru modificou seu entorno desde sua instalação, 12 anos atrás, oferecendo oportunidades a alunos que antes não tinham acesso a estudar em uma universidade federal. O Centro Acadêmico do Agreste (CAA), porém, desde o ano passado tem voltado seu foco para se relacionar de forma mais direta também com as prefeituras do polo de confecções, que inclui Caruaru, Toritama e Santa Cruz do Capibaribe. “Queremos ter uma participação maior no desenvolvimento local”, afirma o diretor do CAA, professor Manoel Guedes. Os convênios envolvem todos os núcleos do centro e cada eixo conta com um professor coordenador para fazer a ponte entre a instituição e a prefeitura, com apoio de estudantes nos projetos e na execução das ações de extensão.
No município de Toritama, são seis os eixos de ação: saúde, educação, meio ambiente, planejamento urbano, gestão pública e desenvolvimento econômico. Em Caruaru, há projetos nas áreas de saúde, educação ambiental e desenvolvimento econômico. Um dos projetos é o Caruaru 3D, coordenado pelo professor José Almir Cirilo, que realiza um cadastro urbano com estudantes de Engenharia Cartográfica e Civil dos campi Recife e Caruaru. “O Caruaru 3D é uma das ferramentas mais avançadas para mapear de forma digital o cenário ambiental e urbano do município. A ferramenta permite verificar a expansão urbana, áreas de maior densidade de ocupação e reestruturar o cadastro de imóveis na cidade. Isso nos ajudará na tomada de decisões administrativas e tributárias com melhor equilíbrio e justiça social”, diz a prefeita Raquel Lyra.
O Amigos do Meio Ambiente, coordenado pelo professor Gilson Lima, vem trabalhando com 600 alunos das escolas municipais. Em abril, o CAA também deu início a um convênio com o Instituto Ayrton Senna e Secretaria de Educação para promover o projeto Letramento em Programação. Inicialmente, serão atendidas crianças que cursam do 4º ao 6º ano do Ensino Fundamental, matriculadas nas cinco escolas municipais de tempo integral. A iniciativa busca possibilitar que os estudantes sejam capazes de se expressar usando a linguagem computacional. “Além da prática da programação, os alunos e educadores desenvolvem, de maneira integrada, competências cognitivas e socioemocionais fundamentais para a vida no século 21”, explica a professora Michele Lima, do Núcleo de Tecnologia, coordenadora do convênio pela UFPE.
Em Santa Cruz do Capibaribe, o projeto coordenado pelo professor Marcio Miceli, do Núcleo de Gestão, procura disponibilizar conhecimento técnico para os consumidores e os pequenos comerciantes do centro calçadão, estrutura que abriga a feira de confeccionistas, fomentando uma gestão eficiente dos seus recursos financeiros. Além disso, busca educar as crianças desde cedo e conscientizar os adolescentes e adultos sobre a importância de poupar e da prática do consumo consciente. Um dos resultados é a criação do Núcleo de Educação Financeira, que atende a população e as empresas, prestando suporte em questões de finanças pessoais e empresariais e oferecendo noções de investimento. A associação tem possibilitado também a realização de ações educativas e mutirões de negociações em conjunto com órgãos como o Procon.
“A parceria representa um grande avanço no fomento ao desenvolvimento local, pois através dela tem sido possível a realização de projetos e ações que contribuem com a competitividade das empresas e a conscientização do cidadão sobre seu papel como consumidor e agente produtivo, além de possibilitar o apoio ao setor público com o fornecimento de dados importantes para a formulação de políticas públicas”, afirma a diretora de Desenvolvimento da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Econômico e Agricultura de Santa Cruz do Capibaribe, Virginia Vasconcelos. “O convênio tem sido um aliado do trabalho do poder público municipal nos assuntos referentes a economia e tem aproximado a academia da população e fortalecido as instituições e o desenvolvimento do município”, completa.
Ana Célia de Sá
A partir de uma perspectiva global e intercultural, a UFPE está desenvolvendo o Brave – Brazilian Virtual Exchange. Trata-se de um programa de mobilidade acadêmica virtual por meio do qual os estudantes de graduação poderão cursar disciplinas com interface internacional, ministradas on-line em parceria com universidades estrangeiras. A primeira disciplina eletiva será ofertada, numa ação piloto, no semestre letivo 2018.2.
Desenvolvido pela Pró-Reitoria para Assuntos Acadêmicos (Proacad) e pela Diretoria de Relações Internacionais (DRI), ambas da UFPE, o Brave abraça três eixos de formação, conforme explica o pró-reitor para Assuntos Acadêmicos da Universidade, professor Paulo Goes: “Nós defendemos que a formação acadêmica deve estar baseada no modelo que nós denominados de modelo três ‘is’, que são o ‘i’ da internacionalização, o ‘i’ da interdisciplinaridade e o ‘i’ da integração com o mundo do trabalho e a sociedade.”
A diretora de Relações Internacionais da UFPE, professora Maria Leonor Maia, também ressalta a importância de pensar a formação superior no plano macro, considerando os contextos local e global, para preparar os profissionais para a vida social. “Esta é uma iniciativa que olha o processo de formação num contexto maior, que olha como nós podemos oportunizar à comunidade acadêmica a ampliação da capacidade de diálogo dela. Estamos olhando para frente, para o futuro”, diz ela.
A proposta é que as disciplinas sejam construídas em conjunto pelos professores da UFPE e da universidade parceira do exterior. Elas serão ofertadas simultaneamente aos alunos das duas instituições envolvidas, e as atividades compartilhadas serão realizadas por meio da plataforma Moodle, utilizada na educação a distância, com apoio das redes sociais. O idioma dependerá do parceiro, podendo haver ofertas em português, inglês, francês e outras línguas. Cada universidade terá ainda uma programação presencial com seus respectivos alunos. “Para além do conteúdo específico que está sendo ensinado, nós vamos trabalhar a questão da interculturalidade, que é o principal aspecto da mobilidade, seja ela presencial ou virtual”, afirma Paulo Goes.
A experiência é importante para os estudantes, que ganham uma oportunidade de vivenciar um intercâmbio virtual, e para os docentes, que podem começar ou ampliar parcerias no exterior. “É uma ocasião para o professor que tem um parceiro no exterior e quer trazer a experiência para dentro de sala de aula, por exemplo”, explica Maria Leonor Maia.
PARCEIRAS – A UFPE já conta com duas instituições parceiras nos Estados Unidos para ministrar as disciplinas internacionalizadas: a Suny – The State University of New York, de Buffalo/Albany, e a DePaul University, de Chicago. No Brasil, a iniciativa é uma colaboração entre a UFPE e a Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), ancoradas por redes de internacionalização do ensino superior.
Para conhecer as metodologias de ensino e estruturar as disciplinas, os professores recebem treinamento virtual no Brave Academy ou Coil Academy (Collaborative On-Line Learning), realizado pela Suny. Atualmente, cinco professores da UFPE, de diferentes áreas de conhecimento, estão sendo treinados. A primeira disciplina eletiva do Brave a ser disponibilizada aos estudantes, em 2018.2, está em fase de definição, a depender da finalização do treinamento e da instituição parceira. Após a implantação da turma piloto, a oferta será ampliada progressivamente, podendo ser expandida para a pós-graduação. A matrícula será feita no próprio Siga pelos alunos da Universidade. Até o final de 2018, será aberto edital destinado aos professores de todas as áreas de conhecimento da UFPE interessados em participar do programa na graduação, a partir de 2019.