Inovação, flexibilidade e abertura ao mundo social são pontos centrais para o Ensino Superior no contexto pós-pandemia do novo coronavírus, na visão de Francisco Marmolejo, conselheiro em Educação da Fundação Catar para Educação, Saúde e Desenvolvimento Comunitário. Ele abordou o assunto na primeira edição do evento “Agenda UFPE – Educação, Sustentabilidade e Desenvolvimento”, realizado, na manhã de hoje (20), por meio da plataforma Google Meet. A mediação foi do reitor da UFPE, Alfredo Gomes.

Com o tema “Perspectivas globais do Ensino Superior: rumo a uma nova universidade pós-pandemia”, Francisco Marmolejo apresentou uma visão do mundo e da educação superior, além de perspectivas para o futuro. Atualmente, mais de 200 milhões de estudantes de Ensino Superior no planeta estão impossibilitados de frequentar as universidades devido à pandemia da Covid-19.

Segundo o palestrante, o cenário global atual, estabelecido antes da presença do novo coronavírus, é complexo, com a exacerbação de posições ideológicas; o choque entre nacionalismo e globalismo; os efeitos imprevistos das tecnologias conectadas de comunicação, como a desinformação disseminada nas redes sociais; e a crise de credibilidade das principais instituições da sociedade, a exemplo de governos, partidos políticos, igrejas e universidades.

No setor da educação, de acordo com Marmolejo, o acesso limitado às universidades, perceptível na América Latina, é um problema real, vinculado à pobreza e exacerbado pela pandemia. A evasão escolar, principalmente entre estudantes em vulnerabilidade econômica, também foi citada como um sintoma de problemas sociais amplos. Com as mudanças e a imprevisibilidade da pandemia, todas essas questões estão ainda mais visíveis. “Temos que repensar a maneira como organizamos o conhecimento e, eu diria, temos que repensar a maneira como organizamos, a maneira como se transmite o conhecimento e a forma como operam as instituições de ensino e especificamente as instituições de Ensino Superior”, afirmou Marmolejo.

Às faculdades e às universidades colocam-se, então, desafios para implantação de modelos de ensino remoto em aspectos técnicos, pedagógicos, econômicos, de aprendizagem, de gestão do tempo, além de fatores de cunho emocional que envolvem professores e alunos em meio ao cenário de isolamento. As respostas estão em curso e, para Marmolejo, incluem aulas mais curtas, limitação da quantidade de alunos por salas e realização de atividades que estimulem os estudantes.

“Hoje é hora de questionar nossos dogmas e as premissas que sempre tivemos sobre o Ensino Superior”, disse Marmolejo. Entre as questões a serem repensadas estão a mobilidade estudantil, os currículos acadêmicos, os rankings e o tipo de formação dos estudantes.

Para o mundo pós-pandemia, o palestrante defendeu uma universidade mais flexível e vinculada ao mundo social, estimulando não somente as habilidades técnicas dos estudantes, mas também o trabalho em equipe, a adaptação às diferentes culturas, a capacidade de comunicação e a busca contínua do conhecimento. “As instituições de Ensino Superior na pós-pandemia podem e devem ser universidades mais flexíveis, mais inovadoras, mais empreendedoras, que tenham menos medo da mudança, que sejam mais colaborativas e certamente que sejam mais internacionais, mas que a internacionalização seja uma internacionalização relevante no contexto local”, concluiu.

AGENDA UFPE – O evento “Agenda UFPE – Educação, Sustentabilidade e Desenvolvimento” é uma série de encontros promovida pela Universidade Federal de Pernambuco. “A ideia central dessa agenda é justamente colocar em debate as dimensões locais, regionais, nacionais e também internacionais em torno de uma agenda ampla que a Universidade Federal [de Pernambuco] passa a compartilhar e a interagir. Nós temos a necessidade e o dever de fazer o debate sobre questões relevantes e importantes do dia a dia nas áreas sociais, na área econômica, na área cultural, na área do meio ambiente, tendo em vista, digamos, construir uma visão ampla desse processo e procurar contribuir, a partir de parcerias, como é o caso aqui com o professor Francisco Marmolejo, construir um olhar mais amplo sobre essas temáticas”, explicou o reitor Alfredo Gomes.