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Mês do Orgulho LGBTI: Um breve histórico sobre a luta da população LGBTI contra o HIV/AIDS

Dando continuidade às produções em comemoração ao Mês do Orgulho LGBTI, a Diretoria LGBT da UFPE traçou um histórico da luta da comunidade LGBTI contra o HIV/AIDS e a perseguição histórica que a população passou em decorrência do surgimento do vírus.

Em meio a grandes mudanças sócio-político-culturais no início dos anos 80, surge o primeiro caso confirmado de AIDS no Brasil, registrado no estado de São Paulo e logo após, em 1983, a primeira morte confirmada em decorrência de complicações pela infecção. A partir de então, como  reflexo do que estava acontecendo em outros países do mundo, a classe política conservadora, apoiada pela igreja, iniciou uma perseguição a pessoas LGBTI’s, indicando a comunidade como responsável pelas transmissões e que a doença se trataria de uma punição divina para os “desvios de conduta” atribuídos à nossa população. O “câncer gay”, a “peste gay” foram algumas das denominações criadas antes da identificação do vírus e classificação da doença. 

 

A partir de então, o movimento LGBTI brasileiro em consonância com as movimentações que a comunidade já estabelecia nos Estados Unidos, iniciaram mais uma luta, desta vez com a pauta de combate ao preconceito e segregação sofridos pelos/as portadores/as do vírus, principalmente porque isso se dava majoritariamente por uma pauta conservadora maior: a higienização social contra a população LGBTI. O Grupo de Apoio e Prevenção à AIDS (GAPA) e o Grupo Pela Vidda foram dois dos principais articuladores de políticas a nível estadual durante os anos 80 e início da década de 90. Em 1985, o teste para o HIV foi desenvolvido e o estado de São Paulo começa a instituir estratégias de combate e prevenção, sendo assim o primeiro do país a institucionalizar a pauta no âmbito da saúde pública, e em 1988 o Ministério da Saúde implementa o Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis, no mesmo ano o dia 1° de dezembro passou a ser considerado o dia mundial de luta contra a AIDS na Assembleia Mundial de Saúde. Contudo, apesar dos avanços, as entidades de defesa dos direitos humanos continuavam a travar embates com o governo que persistia em propagar campanhas de cunho depreciativo aos portadores/as do vírus. Materiais com títulos “Eu tenho AIDS e vou morrer” e “Se você não se cuidar, a AIDS vai te pegar”  eram comuns em produtos do Ministério da Saúde. Em 1996, um tratamento à base de um coquetel de medicamentos, que tinha como objetivo desenfrear a infecção e prolongar a vida dos/as infectados/as, surge e o governo brasileiro decide então oferecê-lo de forma gratuita no país. 

 

Hoje, infelizmente vivemos um processo de retrocesso no que diz respeito às políticas públicas de combate ao HIV/AIDS, apesar dos avanços na ciência que permitiram que os novos tratamentos sejam muito menos invasivos e possibilitem uma vida normal aos que os utilizam, o acesso a esses tratamentos de forma universal e gratuita no Brasil vez ou outra se torna pauta dentro da classe política conservadora, que tem como agenda a privatização da produção e do repasse dos medicamentos aos pacientes. No âmbito da prevenção, campanhas educacionais e produtos que permitissem o alcance da juventude ao debate também tem sido duramente atacadas, uma vez que esta é uma pauta dada à esfera da educação sexual. Atualmente 36,9 milhões de pessoas vivem com a doença no mundo, dois terços destas estão no continente africano, onde em determinadas localidades o acesso ao tratamento chega a ser inexistente às comunidades mais pobres. Apesar de avançadas, pesquisas que indiquem uma cura definitiva ainda não apresentam previsões sobre a finalização de uma vacina que possibilite a imunização da sociedade. 

 

A prevenção continua sendo o maior aliado na prevenção contra o vírus HIV. O tratamento utilizado hoje pelas pessoas infectadas, além de lhes oferecer a possibilidade de uma vida normal, reduz a contaminação a níveis indetectáveis, o que faz que essas pessoas não transmitem o vírus. A luta contra o HIV/AIDS é constante e necessária e hoje seu pior inimigo ainda é o preconceito e discriminação. Lutar por uma sociedade una para pessoas portadoras do vírus HIV e não-portadoras é exercitar a nossa cidadania. Juntos/as podemos construir uma sociedade cada vez mais PLURAL, DEMOCRÁTICA E INCLUSIVA para todos e todas.

 

Fontes: 

https://empoderadxs.com.br/2018/12/01/a-epidemia-do-preconceito-a-trajetoria-do-hiv-aids-no-brasil/

https://super.abril.com.br/saude/25-anos-de-aids/

https://www.msf.org.br/o-que-fazemos/atividades-medicas/hivaids?utm_source=adwords_msf&utm_medium=&utm_campaign=aids_comunicacao&utm_content=_exclusao-saude_brasil_39923&gclid=Cj0KCQjwrIf3BRD1ARIsAMuugNsOtFbwx7zlcm0mT1xQTbVuUdlDclLHY3AnQP0BiLLM9z9SXKR95pEaAo-zEALw_wcB

 
Data da última modificação: 11/06/2020, 18:46