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Critica - Arrasta-me Para o Inferno

A assinatura Sam Raimi

Sobretudo, de período em período, o capitalismo entra em desaceleração para adentrar em uma crise econômica, que pode afetar as estruturas familiares, sociais e culturais. Dentro desse contexto, Arraste-me para o Inferno (2009), dirigido por Sam Raimi, com roteiro do próprio diretor e Ivan Raimi, seu irmão, conta um pouco nas linhas subjetivas sobre essa suposta decadência que arrastou vários americanos à falência. Nada melhor do que falar sobre isso do que uma protagonista bancária, uma ameaça sobrenatural e uma ridicularização do gênero.

Arraste-me para o Inferno fala sobre uma bancária que disputa uma nova vaga na hierarquia da sua empresa, quando aparece uma senhora que implora para continuar com sua moradia, porém, ela nega para conseguir sua promoção. Em vez dela subir de cargo, toda sua vida torna-se um pesadelo. 

 

Christine Brown, a protagonista da história, se assemelha muito com a caracterização do americano com o sonho americano em sua formação pessoal. A personagem saiu de um local pequeno no interior, adquiriu seu emprego com honestidade e mobiliou sua casa com pertences materiais. Entretanto, no sonho americano, nada se trata de estabilidade, mas de poder. Quando Christine observa sua posição de poder ameaçada por um colega de trabalho, ela utiliza sua autoridade para depreciar uma pessoa que está abaixo de sua acomodação capitalista. Como os Estados Unidos, Christine Brown pensou mais na estabilização da classe média, ela e o seu chefe, para depois pensar na população de baixa-renda, que é representada pela idosa que lança a maldição. 


Após esse episódio de interesses, a praga é lançada na personagem em meio a um estacionamento, e a maldição só é finalizada com um botão da blusa da personagem, um item que até aquele momento não passava de uma figuração banal. As ameaças que surgem do cotidiano da bancária são similares aos monstros da trilogia Evil Dead. São criaturas que manifestam características exageradas ao ponto de gerar comédia em suas ações e falas, ou até mesmo suas conclusões em cena são produzidas para não serem levadas a uma ameaça, diferentemente de outros conteúdos do gênero.

Atualmente, o gênero do terror e suspense, está sendo repassado por uma leitura séria e até mesmo fetichista em alguns casos. Entretanto, até mesmo no seu filme mais recente, Doutor Estranho no Multiverso da Loucura, Sam Raimi mantém aquele jovem garoto que dirigiu e escreveu Evil Dead, essencialmente sua assinatura de um cinema não-realista. Em tempos que materiais que vídeos necessitam de veracidade temática realista para ter um ‘’propósito útil’’, o diretor, tanto em 2009, como em 2022, continua sendo o cineasta que vai testar diversas maneiras cinematográficas através da técnologia para visualizar uma estranheza realista que participa do seu universo, do seu realismo. 

Critica por Wandryu Figuerêdo estudante do 4º período de Cinema e Audiovisual

Data da última modificação: 15/06/2023, 10:05