- UFPE/
- Institucional/
- Superintendências/
- Superintendência de Comunicação (Supercom)/
- Agência de Notícias (Ascom)/
- Pesquisas (Ascom)/
- Alimentação de nutricionista em Pernambuco é boa, mas pode melhorar
Pesquisa Pesquisa
Alimentação de nutricionista em Pernambuco é boa, mas pode melhorar
O estudo foi defendido no Programa de Pós-Graduação em Nutrição da UFPE, em fevereiro deste ano (2017)
Por Renata Reynaldo
A tirar pelos resultados da pesquisa "Consumo alimentar, perfil antropométrico e metabólico: um estudo em mulheres nutricionistas do Estado de Pernambuco", que avaliou 277 dessas profissionais no Estado, os hábitos alimentares dessa parcela da categoria estão bons, mas podem melhorar. Os índices não mentem: 74% estão na categoria das que mantêm uma boa alimentação (eutróficas), 4% têm baixo peso, 16,6% têm excesso de peso e 5,4% se enquadram nos critérios da obesidade. O dados, que são bem inferiores aos encontrados nos estudos nacionais com mulheres adultas de mesma faixa etária, retratam, segundo a autora da pesquisa, Helânia Virginia Dantas dos Santos, a influência e os benefícios do conhecimento cientifico nessa população.
O estudo foi defendido no Programa de Pós-Graduação em Nutrição da UFPE, em fevereiro deste ano (2017), e aponta, também, que 45,2% mulheres profissionais inscritas na unidade estadual do Conselho Regional de Nutricionistas da 6ª Região apresentam obesidade abdominal, além de elevada prevalência de inadequação de consumo do cálcio (77,3%) e baixa ingestão mediana do ácido fólico (206,52 mcg), sendo este último bom para a regeneração celular. "Apesar das nutricionistas apresentarem, em sua maioria, uma baixa frequência de excesso de peso e obesidade, quando analisamos a circunferência da cintura se revela uma nítida condição de risco para doenças cardiovasculares", alerta Helânia.
ANÁLISE | Quanto ao perfil lipídico e glicídico, a maioria das entrevistadas se encontra dentro dos limites de normalidade, mas 27,7% da amostra apresenta altas taxas de colesterol (hipercolesterolemia), 12,2% de triglicerídeos (hipertrigliceridemia) e 8,7% de alta de açúcar no sangue (hiperglicemia). E mais: a pesquisa revela que, das avaliadas, apenas 29,5% das nutricionistas se exercitam com duração maior ou igual a 150 minutos por semana, o mínimo recomendável para escapar do sedentarismo. "O consumo alimentar apresentou correlações significativas com os parâmetros antropométricos e metabólicos avaliados", avalia.
Foram avaliadas, durante o estudo, mulheres nutricionistas atuantes em Pernambuco, com uma idade média de 29 anos, residentes na cidade do Recife (59,2%), com título de especialista e/ou residência (44,4%) e com até dez anos de formadas (69,7%). As nutricionistas avaliadas também afirmaram já terem feito algum tipo de dieta (37,2%) e 19,1% afirmaram estar em dieta durante a realização da pesquisa. Segundo o levantamento, dentre os micronutrientes analisados, destaca-se que o aumento do consumo alimentar de vitamina C correlacionou-se com a redução do índice de massa corporal, circunferência da cintura, relação cintura/estatura, e dos parâmetros bioquímicos de colesterol total sérico e triglicerídeos. "Esses registros nos permitem concluir que a vitamina C parece, sim, gerar um aumento da oxidação de gordura corporal com promoção de modificações benéficas na composição corporal dos indivíduos", atesta Helânia.
A nutricionista também avalia que o consumo insuficiente de ácido fólico (206,52 mcg) e a alta inadequação do cálcio dietético (77,3%) pelas nutricionistas se assemelha a de dados populacionais e merece uma atenção especial, visto que são nutrientes que desempenham inúmeras funções metabólicas e estruturais em nosso organismo, além de reforçar a importância de estratégias de políticas públicas para fortificação e ou suplementação desses micronutrientes, a fim de garantir níveis de ingestão adequada a população.
LEVANTAMENTO | Para conhecer o estado nutricional dessa parcela da população, Helânia, que contou com orientação da professora Poliana Coelho Cabral, avaliou dados demográficos, pessoais, de estilo de vida, além de parâmetros antropométricos, laboratoriais e de consumo alimentar, através de um questionário on-line informado via e-mail. O levantamento adotou como referência dados nacionais que atestam uma tendência de crescimento do mau hábito alimentar, ocorrida nos últimos 40 anos. A pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel - 2014/2015) revela, por exemplo, que, em um período de nove anos de análise (2006 a 2014), o excesso de peso na população brasileira aumentou 23%.
Segundo a nova mestra, o levantamento da Vigitel revela que o sobrepeso atinge 32,3% e a obesidade, 15,3% dos brasileiros e brasileiras. Helânia avalia que "conhecer o estado nutricional juntamente com o consumo alimentar da população é o caminho para auxiliar na elaboração de estratégias de prevenção e promoção da saúde em todos os grupos populacionais, visto que até mesmo os profissionais de saúde não estão imunes ao risco de desenvolver doenças cardiovasculares".
Para Helânia Santos, no caso específico das nutricionistas, o resultado da pesquisa é de grande importância, tendo em vista que esse profissional atua como multiplicador de conceitos e práticas relacionadas à alimentação saudável, além de serem agentes fundamentais na detecção e tratamento dos distúrbios nutricionais. "Assim, podemos concluir que apesar das nutricionistas possuírem prevalências de excesso de peso e obesidade inferiores aos da população em geral, as mesmas possuem similaridade no risco de desenvolvimento de doenças cardiovasculares, segundo os índices antropométricos de obesidade abdominal", acrescenta.
Mais informações
Programa de Pós-Graduação em Nutrição da UFPE (PosNutri)
(81) 2126.8463
posnutricao@ufpe.br
Helânia Virginia Dantas dos Santos
helaniadantas@hotmail.com