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Reitores de instituições de ensino federais de Pernambuco defendem manutenção e funcionamento das Ifes em ato virtual

A manifestação foi transmitida ao vivo no canal da Universidade Federal de Pernambuco no YouTube

Reunir diversos atores e a sociedade civil em torno do debate a respeito dos cortes da ordem de R$ 1,4 bilhão que atingem as Instituições Federais de Ensino Técnico e Superior (Ifes) do País. Este foi o objetivo do ato virtual em defesa da recomposição do orçamento para as Ifes, realizado ontem (29), por seis universidades e institutos federais de Pernambuco.

Na manifestação, que foi transmitida ao vivo no canal da Universidade Federal de Pernambuco no YouTube, a UFPE, a Universidade Federal Rural de Pernambuco (UFRPE), a Universidade Federal do Agreste de Pernambuco (Ufape), a Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e os institutos federais de Pernambuco (IFPE) e do Sertão Pernambucano (IF Sertão-PE) reivindicaram recursos necessários para a manutenção e funcionamento das instituições federais de ensino, defendendo também que os recursos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT) possam ser plenamente utilizados no orçamento deste ano.

“O texto aprovado na votação da última quinta-feira (25), no Congresso Nacional, promove cortes na educação, no ensino universitário, na pesquisa, no meio ambiente, na ciência e na tecnologia, com redução dos investimentos em saúde nestes tempos de luta contra o coronavírus”, explicou o reitor Alfredo Gomes, da UFPE, na abertura do evento. “Este ato defende e reitera a necessidade de um futuro sustentável para o País e da recuperação da nossa economia, aliados à educação, ciência e tecnologia”, completou ele.

O corte que atinge as instituições federais de Ensino Técnico e Superior equivale a R$ 1,4 bilhão a menos de recursos em relação aos valores do Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2020. Na UFPE, o corte projetado é da ordem de R$ 30 milhões. Com isso, o orçamento dos recursos discricionários da UFPE cairá de cerca de R$ 160 milhões em 2020 para R$ 130 milhões este ano, retrocedendo a valores próximos aos do orçamento da Universidade em 2011. As despesas discricionárias representam a parcela do orçamento que garante o funcionamento e a manutenção das instituições, a exemplo da assistência estudantil, contratação de serviços e fornecimento de energia elétrica e água, entre outros.

“Os cortes, especificamente na UFPE, são da ordem de aproximadamente 17%. Esse orçamento inviabiliza alguns serviços e algumas ações em nossa universidade. A previsão de cortes nas políticas estudantis da Universidade é de, aproximadamente, R$ 7 milhões quando comparado com o ano passado. É necessária a reorganização das forças que estão aqui presentes, junto com a sociedade civil e demais entidades, para que possamos andar com essa pauta e travar uma batalha nacional para a recomposição imediata do orçamento das universidades e institutos federais”, defendeu o reitor.

PARTICIPANTES – Além do reitor Alfredo Gomes, o ato contou com a participação do vice-reitor da UFPE, Moacyr Araújo; do reitor Marcelo Carneiro Leão (UFRPE), do reitor Airon Aparecido Silva de Melo (Ufape), do reitor Paulo César Fagundes Neves (Univasf), do reitor José Carlos de Sá (IFPE) e da reitora Maria Leopoldina Veras Camelo (IF Sertão-PE), junto com seus respectivos vice-reitores.
 
A manifestação teve ainda a participação de Edward Madureira Brasil, da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes); Ildeu Moreira, da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC); Sônia Regina de Souza Fernandes, do Conselho Nacional das Instituições da Rede Federal de Educação Profissional, Científica e Tecnológica (Conif); Odir Dellagostin, do Conselho Nacional das Fundações Estaduais de Amparo à Pesquisa (Confap), e Fernando Jucá, Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe).

Participaram ainda Heleno Manoel Gomes Araújo Filho, da Confederação Nacional dos Trabalhadores em Educação (CNTE); José Aleixo da Silva, da Academia Pernambucana de Ciência (APC); Lucas Cavalcanti Ramos, da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de Pernambuco (Secti); Iago Montalvão, da União Nacional dos Estudantes (UNE), e Flávia Calé da Silva, da Associação Nacional de Pós-Graduandos (ANPG), bem como os deputados federais Carlos Veras, Tulio Gadelha, Danilo Cabral e Tadeu Alencar.

Moacyr Araújo, vice-reitor da UFPE
“Justamente neste momento em que nós temos uma ‘tempestade perfeita’ no Brasil, com uma crise sanitária, política, institucional e econômica, resolvem reduzir a força de nosso barco para enfrentar esse momento tão delicado. Todos nós sabemos o papel das universidades públicas no desenvolvimento e na produção da ciência qualificada no Brasil e é justamente nesse sentido que eu gostaria de chamar a atenção para esta nova batalha que se aproxima agora em relação ao bom uso dos fundos do FNDCT. Mais do que nunca, precisamos estar vigilantes, nesses tempos sombrios, para fazer com que esses recursos sejam de fato bem utilizados”.

Marcelo Carneiro Leão, reitor da UFRPE
“Hoje, mais de 90% da ciência produzida neste País acontece nas universidades federais e estaduais e nos institutos públicos. Se o investimento em educação, ciência e tecnologia fosse algo de política de estado, provavelmente hoje teríamos diversas vacinas contra a Covid totalmente desenvolvidas pelo Brasil e à disposição da população brasileira. É importante que a sociedade saiba que um corte nos recursos nas universidades e institutos afeta diretamente sua qualidade de vida. Educação, ciência e tecnologia são o único caminho possível para o desenvolvimento de uma nação e para a redução da desigualdade social”.

Airon Silva de Melo, reitor da Ufape
“Aqueles que mais precisam dentro da universidade serão os mais atingidos pelos cortes. Boa parte de nossos alunos tem renda per capita de meio salário mínimo a um salário mínimo e meio, no máximo. A pesquisa, com certeza, também vai ser prejudicada, assim como nossa extensão. Sem essa recomposição do orçamento, vai ser um ano muito difícil. Essa é uma luta justa, não só de nós que fazemos a educação, mas de toda uma sociedade que depende dessa ciência e tecnologia para que possamos viver bem”.

Paulo Fagundes Neves, reitor na Univasf
“A Univasf, a exemplo de outras instituições, conclama o Governo Federal e os parlamentares a compartilharem conosco o compromisso público para com a recomposição do orçamento destinado ao sistema federal de ensino nos seus diversos níveis, bem como outras áreas essenciais, como a saúde”.

José Carlos Sá, reitor do IFPE
“A situação que se aponta a partir de um orçamento que mais uma vez traz uma redução é de inviabilização do funcionamento de nossas instituições, de sucateamento. Não há como promover a manutenção e a cooperação de estruturas quando você não tem orçamento sequer para manter em dia os contratos que permitem o funcionamento dessa instituição. A sociedade clama por investimentos em educação pública, gratuita e de qualidade”.

Maria Leopoldina camelo, reitora do IF-Sertão
“Fazer educação no interior de um estado, no semiárido nordestino, já é um desafio absurdo. Como conseguir uma educação de qualidade, necessária para transformar as vidas e nossa sociedade, com um cenário como esse? Nós, enquanto gestores, enquanto parlamentares, precisamos trazer a sociedade para esta discussão, porque não fica apenas na nossa responsabilidade dizer que não teremos mais condição de disponibilizar assistência estudantil para todos os nossos alunos porque tivemos um orçamento para assistência estudantil praticamente igual ao de 2020, quando nosso alunado aumentou. Os desafios são absurdos. Com esse orçamento, nós chegaremos a maio. E depois? Fazer educação é um desafio. Sozinho, ninguém faz educação, precisamos unir esforços”.

Data da última modificação: 31/03/2021, 17:41