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Professoras do Departamento de Geologia da UFPE participam do projeto Catálogo da Vida do Brasil

Projeto é realizado pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro

Duas professoras do Departamento de Geologia da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) fazem parte da equipe de pesquisadores brasileiros que trabalha no projeto “Catálogo da Vida do Brasil”, realizado pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro (JBRJ). A professora Paula Sucerquia, do Laboratório de Paleobotânica, coordena junto a outros paleontólogos o catálogo de fósseis e atua especificamente na parte dedicada aos fósseis vegetais. A pesquisadora Rilda Araripe, do Laboratório de Paleontologia, participa do grupo de micropaleontologia (ramo da paleontologia que estuda microrganismos fósseis).

A pesquisadora Paula Sucerquia comenta sobre a relevância do projeto elaborado pelo Jardim Botânico do Rio de Janeiro: “É muito importante conhecer a diversidade de plantas e animais do passado do nosso território para tentar entender a origem da nossa diversidade atual e como os diversos organismos que já habitaram nosso planeta reagiram a mudanças ambientais drásticas como glaciações, aumento da temperatura média anual, elevações do nível do mar, erupções vulcânicas e outros fenômenos naturais. Da mesma forma, [isso é importante] para tentar prever o que pode acontecer em relação à biodiversidade com as mudanças decorrentes das atividades humanas no planeta Terra”. Na segunda-feira (22), foi celebrado o Dia Internacional da Biodiversidade, data criada em 2015 pela Organização das Nações Unidas (ONU) com o objetivo de conscientizar as pessoas sobre a necessidade de conservar e proteger a diversidade de vida no planeta.

“Adicionalmente, o conhecimento da diversidade paleontológica brasileira contribuirá para a conscientização da população acerca da importância da preservação desse registro e servirá para chamar a atenção das autoridades sobre o controle do nosso patrimônio, evitando situações como as que atingiram a ciência brasileira nos últimos anos, quando descobertas de novas espécies de animais pré-históricos foram feitas por pesquisadores de instituições estrangeiras, usando espécimes retirados de forma ilegal do território brasileiro”, continua Paula Sucerquia, antes de citar exemplos: “É o caso dos dinossauros Ubirajara jubatus e Irritator challengeri, cujas publicações tiveram que ser retiradas do ar. Nos dois casos, estão sendo realizados esforços para uma possível repatriação desses fósseis. Esse desconhecimento, tanto da biodiversidade e sua importância para o Brasil, como das leis que protegem esse material, tornam de grande importância a existência de catálogos que mostrem para todos os segmentos da sociedade a nossa riqueza paleontológica. Isso, somado ao reconhecimento de fósseis brasileiros como parte da ICOM Red List de objetos culturais em risco, certamente vai contribuir para a proteção mais eficiente dos registros da vida extinta no território brasileiro, e que eles possam ser conhecidos pelas futuras gerações”.

CATÁLOGO DA VIDA DO BRASIL – A professora Paula Sucerquia destaca ainda que o Brasil é um dos países com maior biodiversidade do mundo: “Os cientistas conhecem na atualidade pouco mais de 125 mil espécies de animais e 50 mil de plantas e fungos, entre nativas, cultivadas e naturalizadas, e esses números são constantemente ampliados conforme o avanço das pesquisas. Para quantificar essa diversidade e manter os dados atualizados, o Brasil possui dois sistemas online em que são catalogadas as informações sobre as espécies de plantas e animais”. 

O Jardim Botânico do Rio de Janeiro foi pioneiro no desenvolvimento deste tipo de sistema quando deu início, em 2008, à Flora do Brasil, atualmente nomeada Flora e Funga do Brasil (pois inclui plantas e fungos). Em 2015, o sistema serviu de base para o desenvolvimento do Catálogo Taxonômico da Fauna do Brasil pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

“As plataformas são dinâmicas, alimentadas por cerca de 1,5 mil pesquisadores que trabalham em rede, garantindo a atualização constante dos dados. Por isso, é possível saber não apenas os números, mas também os nomes científicos aceitos ou válidos para cada uma das espécies e onde elas ocorrem, entre outras informações. Porém, ainda há muitos microrganismos viventes e organismos extintos que não foram catalogados. Por isso, uma iniciativa denominada Catálogo da Vida do Brasil, com projeto aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Rio de Janeiro, que aportará recursos no valor de R$ 1,16 milhão, pretende ampliar o conhecimento de toda a diversidade da vida no território brasileiro, catalogando e disponibilizando também os dados de microrganismos e de fósseis”, explica a professora Paula Sucerquia.

O projeto citado por ela é coordenado pela pesquisadora Rafaela Forzza, do JBRJ, e envolve especialistas de múltiplas áreas, ligados a diversas instituições de ensino e pesquisa brasileiras. Além dos sistemas já existentes – Flora e Funga do Brasil e Catálogo da Fauna do Brasil, serão desenvolvidos dois novos programas, um para microrganismos viventes e outro para organismos fósseis. Os quatro sistemas serão integrados em uma interface unificada para consulta pública online, com atualização constante dos dados pelos pesquisadores.

Os sistemas ficarão hospedados no JBRJ. “Ao reunir, organizar e disponibilizar informações de todos esses grupos de seres vivos do território brasileiro, o Catálogo da Vida se constituirá como uma ferramenta valiosa para pesquisadores, gestores e sociedade como um todo, no contexto mundial atual em que a biotecnologia avança a passos largos, e o conhecimento da biodiversidade se torna fundamental também para o desenvolvimento econômico do país com sustentabilidade ambiental, repartição justa de benefícios e respeito a todas as formas de vida”, avalia a coordenadora do projeto, Rafaella Forzza.

Data da última modificação: 23/05/2023, 15:17