O professor Paulo Goes, do Departamento de Clínica e Odontologia Preventiva da UFPE, membro da Câmara Técnica de Saúde Coletiva do Conselho Regional de Odontologia de Pernambuco (CRO-PE), coordenará no Brasil o “Global Oral Health Equity Study”. O estudo será financiado pelo Instituto Nacional de Pesquisa em Saúde do Reino Unido (NIHR) e tem como coordenador-geral o professor Richard G. Watt, consultor honorário em Saúde Bucal Coletiva do Departamento de Epidemiologia e Saúde Pública da University College London (UCL) do Reino Unido e diretor do Centro Colaborador da OMS para Iniquidades em Saúde Bucal (WHO Collaborating Centre on Oral Health Inequalities and Public Health) baseado na UCL.

A pesquisa pretende analisar doenças bucais negligenciadas em quatro países: Colômbia, Kenya, Índia e Brasil. Os trabalhos serão iniciados em 2024 e terá quatro anos de duração. Para o grupo, há o entendimento que as doenças bucais são um grave problema de saúde pública e existe uma necessidade crescente de desenvolvimento de capacidades para pesquisa em saúde bucal de alta qualidade.

O objetivo estratégico do programa é estabelecer parcerias equânimes e efetivas entre instituições acadêmicas e colaboradores selecionados capazes de compartilhar experiências, conhecimento e competências com acadêmicos dos países envolvidos. Entre os objetivos específicos do estudo estão avaliar os padrões, mecanismos e impactos das iniquidades em saúde bucal na população dos países a serem estudados; determinar a influência dos determinantes comerciais em saúde bucal em particular o papel da indústria do açúcar e a indústria do tabaco; avaliar o impacto econômico das doenças bucais e oportunidades para reforma dos sistemas de saúde bucal; e ainda coproduzir e testar intervenções de saúde coletiva, avaliar possibilidades de reformas de sistemas locais de saúde e promover a saúde bucal.

O programa objetiva, ainda, desenvolver capacidade local de pesquisa através de um conjunto abrangente de treinamento e cursos de curta duração, objetivando também engajamento comunitário e envolvimento nas atividades e planejamento do estudo. Todos os dados gerados serão usados para realizar análises de política, simulação de diferentes intervenções, testagem das intervenções e reformas de sistemas de saúde serão levadas adiante em cada país de modo a propor futuros desenhos avaliativos.

Para o professor Paulo Goes, o convite vem do centro onde realizou seu doutoramento e reflete o reconhecimento da sua trajetória acadêmica em torno da implementação de políticas e programas de saúde e saúde bucal no SUS. “O Brasil com as experiências do Sistema Único de Saúde (SUS) tem muito a contribuir para o grupo; afinal, a implantação do SUS e, em especial, da Política Nacional de Saúde Bucal (Brasil Sorridente) que tem sido um importante instrumento de garantir uma saúde bucal mais equânime para os brasileiros”, afirma ele.