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Filósofo francês Bernard Jean Jacques Charlot é o novo Doutor Honoris Causa da UFPE

Honraria é destinada a pessoas que tenham contribuído para o progresso da universidade, da região ou do país

O professor, pesquisador e filósofo francês Bernard Jean Jacques Charlot é o mais novo Doutor Honoris Causa da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). O título foi concedido na última sexta-feira (4) à tarde, em cerimônia realizada de forma remota e disponível no canal da UFPE no YouTube. A homenagem foi proposta pelo professor Dilson Cavalcanti, líder do Núcleo de Pesquisa Relação ao Saber (Nuperes), vinculado ao Programa de Pós-Graduação em Educação em Ciências e Matemática (PPGECM) do Centro Acadêmico do Agreste (CAA) da UFPE.

O título de Doutor Honoris Causa é uma honraria destinada a pessoas que tenham contribuído para o progresso da Universidade, da região ou do país, ou pela sua atuação em favor das ciências, das letras, das artes ou da cultura. Em seu discurso panegírico, Cavalcanti contou como Charlot elaborou uma sociologia do sujeito. “Ele transgride o mainstream sociológico da época, reinterpretando a Sociologia da Educação a partir de um novo ponto de vista, deslocando o foco da origem e da desigualdade social para o sujeito”, explicou.

Cavalcanti destacou a contribuição imprescindível de Charlot para a educação brasileira. “Seu engajamento, solidariedade, honestidade intelectual, militância incansável pela educação é simplesmente inestimável”, destacou. Ambos os professores participaram da cerimônia na Universidade Federal de Sergipe (UFS). Por isso, a colocação da samarra e do capelo – respectivamente a beca e o chapéu usados em solenidades acadêmicas, de acordo com o protocolo da Universidade de Coimbra – no homenageado foi realizada pelo proponente e não pelo reitor, como de costume.

Em seu discurso, Charlot, que mora em Aracaju, afirmou que se considera nordestino. “Não é uma afirmação apenas geográfica, local: dizer que sou nordestino é afirmar uma condição cultural, social, política. É assumir uma atitude básica nas relações com a vida, com os outros, no campo do saber, da pesquisa e da educação”, esclareceu. Ele reafirmou o valor das comunidades científicas contra as “verdades alternativas” tão comuns nos tempos atuais. “A universidade não deve ser um lugar de intervenção do poder, mas sim de responder à crise democrática e à barbárie”, disse.

Diretor do CAA, o professor Manoel Guedes frisou a conexão de Charlot com a missão do Campus Agreste da UFPE. “Há uma forte relação da obra do professor com a defesa da inclusão”, afirmou, lembrando que o campus surgiu de uma política de descentralização do ensino. “Seu conhecimento extrapolou sua universidade de origem: agora é do mundo”, ressaltou, lembrando que a outorga do título faz com que o professor se torne, mais ainda, membro da comunidade acadêmica da UFPE. O Núcleo de Pesquisa Relação ao Saber, do CAA, se refere diretamente a um conceito do professor francês.

Para o reitor Alfredo Gomes, a contribuição de Charlot para a área das Ciências Humanas é de extrema valia. “Essa solenidade é uma reafirmação histórica da universidade pública em um momento de negacionismo”, afirmou, lembrando a persistência do professor nessa militância ao longo de sua carreira. “É preciso reafirmar a ciência, seus preceitos, seu modo de funcionamento”, concluiu. No final, houve homenagens dos professores da Comissão de Honra, de diversos estados brasileiros, presentes na cerimônia remota. Conheça mais sobre a história do professor. 

Data da última modificação: 07/12/2020, 16:59