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Egresso da UFPE recebe Prêmio Ayrton Almeida de Carvalho pelo curta-metragem Cabocolino

O documentário é dirigido por João Marcelo Alves, egresso do Curso de Comunicação Social do Centro Acadêmico do Agreste (CAA) da Universidade

O curta-metragem “Cabocolino”, que retrata a história do artista popular Seu João de Cordeira, está entre as obras e iniciativas culturais contempladas na 8ª edição do Prêmio Ayrton Almeida de Carvalho de Preservação do Patrimônio Cultural de Pernambuco, promovido pelo governo estadual. O documentário é dirigido por João Marcelo Alves, egresso do Curso de Comunicação Social do Centro Acadêmico do Agreste (CAA) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). A obra tem recursos de acessibilidade comunicacional – Libras, audiodescrição e Legendagem para Surdos e Ensurdecidos (LSE) – e já foi exibida em diversas cidades. O trailer do filme está disponível no YouTube. 

Após a premiação, João Marcelo falou sobre mais este passo na trajetória do filme: “Enalteço a interiorização do ensino público de qualidade presente na UFPE em Caruaru. Enalteço também o potencial de todos os professores do curso, que tem esse viés das mídias sociais e da produção cultural. Foi colhendo desses conhecimentos que conseguimos formatar com baixo custo esta obra, que extrapolou as salas da faculdade e tem colhido resultados para a cultura de Pernambuco. Nos sentimos muito honrados com este segundo lugar, sentimos uma felicidade enorme de compartilhar isso com todos, nosso colegas, professores, funcionários. Enaltecemos também os mestres de cultura como seu João de Cordeira, de um bloco de caboclinhos formado em grande parte por agricultores, que têm esse compromisso com o Carnaval. Seu João é uma figura espetacular”.

O filme acompanha a dedicação de seu João de Cordeira em manter viva a tradição do Bloco de Caboclinhos do Sítio Melancia, em João Alfredo, cidade do Agreste pernambucano. A inspiração para o curta, recorda João Marcelo, nasceu das “lembranças de um domingo ensolarado de Carnaval, quando nos deparamos com o brincante João de Cordeira, um idoso, fazendo acrobacias como uma criança no meio de muitos jovens durante a apresentação de sua agremiação”.

“Meses depois, a partir de uma atividade da disciplina Técnica de Redação, do professor Diego Gouveia, entrevistamos o brincante e sentimos a necessidade de registrar documentalmente, por meio de um curta-metragem, a luta e a resistência desse artista para manter viva a cultura dos blocos de caboclinhos no interior do estado, os quais estão distantes da capital e das políticas públicas de apoio cultural dos governos municipais e estaduais”, completa ele.

Cabocolino compõe o trabalho de conclusão de curso (TCC) https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/42761 de João Marcelo, intitulado ”Cabocolino: a trajetória de um artista popular do Agreste para manter viva a tradição indígena de um bloco de caboclinhos”, junto a uma pesquisa escrita. O trabalho foi orientado pela professora Amanda Mansur. 

“Destacamos a atuação primordial de nossa professora, orientadora do nosso TCC e uma das responsáveis pelas disciplinas de audiovisual do Curso. Ela nos acompanhou durante e após o lançamento do projeto, que extrapolou as salas de aula e hoje encanta o público em muitos festivais, inclusive conquistando prêmios”, celebra João Marcelo.

“Cabocolino” foi selecionado para festivais como a 25ª Mostra de Cinema de Tiradentes (MG), o 33º Curta Kinoforum – Festival Internacional de Curtas de São Paulo (SP), o 13º Festival de Cinema de Triunfo (PE), o Fala São Chico – Festival de Audiovisual Latino-Americano de São Francisco do Sul (SC) e o 15º Curta Taquary (Taquaritinga do Norte, PE).

Composta por pessoas residentes no interior de Pernambuco, a equipe se dedicou para produzir o filme com baixo orçamento e durante a pandemia de covid-19. A experiência, destaca João Marcelo, instigou reflexões e algumas delas surgiram antes mesmo do curta estrear.

“Nosso registro ajuda a enriquecer a gama de conhecimentos sobre a temática, pois traz a singularidade de um grupo rural do Agreste, que vai se somar ao conjunto de singularidades dos demais grupos que têm maior apoio e visibilidade e se encontram na capital e Zona da Mata do nosso estado. O filme despertou em algumas autoridades locais e no público a importância de registros e divulgação dessas expressões culturais. Nos assistentes, principalmente o público da zona rural, o sonho de serem vistos também nas telas e em muitos jovens, um direcionamento para produzir mais obras audiovisuais o que, naturalmente, poderá desencadear um rico acervo artístico e documental para todo o nosso estado”, avalia.

SEU JOÃO DE CORDEIRA – Agricultor aposentado, seu João de Cordeira começou a sair no bloco como caboclinho aos 12 anos, época em que o avô dele estava à frente do grupo. Isso foi bem antes de o caboclinho pernambucano ter conquistado o título de Patrimônio Cultural do Brasil – algo que ocorreu em 2016, quando a candidatura foi aprovada por unanimidade pelo Conselho Consultivo do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan).

O roteiro do curta, elaborado por João Marcelo em conjunto com Alexandre Soares e Marlom Meirelles, é estruturado como uma jornada que evidencia o desejo nutrido por seu João de Cordeira de prestar uma homenagem ao avô dele, que foi sepultado em Juazeiro do Norte (CE). O artista popular celebrado no filme queria plantar no Horto do Padre Cícero algumas sementes da árvore Tambor que cresce no Sítio Campo do Borba, zona rural de João Alfredo.

“O filme mostra a viagem do artista, da escolha da semente ao encontro com o solo de seu antepassado. Os objetivos do documentário eram valorizar o artista perante sua comunidade, mostrar o idoso como agente atuante na sociedade, conscientizar as pessoas sobre a importância da valorização da cultura popular regional e dotar o município de um material documental de qualidade para o seu acervo cultural”, afirma João Marcelo Alves.

Ainda sobre as escolhas feitas para a criação do filme, ele continua: “O ato de recolher, preparar e plantar sementes, personifica a árvore Tambor como mais um personagem. A força encantada presente nas sementes e seus cuidados desperta no público, principalmente crianças e jovens, curiosidades sobre a planta. Daí tornou-se normal, nos debates posteriores à exibição, os assuntos trafegarem por diversas vertentes e um deles era a sustentabilidade ambiental. A trilha original e demais elementos sonoros (flautas, tambores, preacas, loas) são sempre citados nos comentários, eles foram forjados a partir da riqueza presente na Cultura dos Povos Originários”.

PATRIMÔNIO CULTURAL – O Prêmio Ayrton de Almeida Carvalho de Preservação do Patrimônio Cultural é voltado para ações voltadas “à proteção, à preservação, à conservação e à salvaguarda do patrimônio cultural, de natureza material e imaterial, em todas as macrorregiões do Estado”. Ele homenageia o engenheiro e professor de arquitetura que chefiou o departamento regional do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) em Pernambuco.

A seguir, a lista contempla de obras e iniciativas premiadas em cada categoria.

Formação
1º lugar: Marcas do Passado – Ricardo Araújo de Menezes
2º lugar: Pequenos Brincantes – Cirleide do Nascimento Silva

Promoção e difusão
1º lugar: Cinema no Interior – Antonio Marcos Gomes de Carvalho
2º lugar: Caboclino – João Marcelo Alves

Acervos documentais e memória cultural
1º lugar: Malassombros – Contos do Além Sertão – Associação Cultural Teatro de Retalhos
2º lugar: Sabenças do Coco Interiorano – Amanda Kamilla Lopes da Silva Lima

Mais informações
Coordenação do Curso Comunicação Social do CAA
(81) 2103.9196

Data da última modificação: 28/07/2023, 13:59