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Transmissão da COVID-19 e crianças: a criança não tem culpa

As crianças parecem ser infectadas bem menos que os adultos pela SARS-CoV-2. E mais: quando infectadas, geralmente apresentam sintomas leves. Entretanto, resta uma importante pergunta: até que ponto meninos e meninas são responsáveis pela transmissão do SARS-CoV-2? Responder este questionamento é essencial para se tomar medidas concretas de saúde pública, que vão desde reabrir de forma segura as escolas, creches e acampamentos de verão, até precauções necessárias para obter uma amostra da garganta de uma criança que não estiver cooperando com o tratamento.

Título Original: COVID-19 Transmission and Children: The Child Is Not to Blame

Título Traduzido: Transmissão da COVID-19 e Crianças: A Criança Não Tem Culpa

Autores: Benjamin Lee1 & William V. Raszka1

Projeto Covid-19 e a Matemática das Epidemias - Fazendo a Ponte entre Ciência e Sociedade

Tradução: Danillo Barros de Souza e Jonatas Teodomiro

Síntese: Camila Sousa e Júlia Lyra

Coordenação: Felipe Wergete Cruz 

 

Introdução

 

A Covid-19 nos apresenta, talvez, a maior crise de saúde pública que se pode lembrar. Mas, um aspecto surpreendente da pandemia é a relação que ela tem com as crianças. Segundo um estudo feito pelo Departamento de Pediatria da Universidade de Vermont, nos Estados Unidos, e publicado na conceituada revista Pediatrics (jornal oficial da academia americana de pediatria) em agosto de 2020, as crianças parecem ser infectadas bem menos que os adultos pela SARS-CoV-2. E mais: quando infectadas, geralmente apresentam sintomas leves. 

Entretanto, resta uma importante pergunta: até que ponto meninos e meninas são responsáveis pela transmissão do SARS-CoV-2? Responder este questionamento é essencial para se tomar medidas concretas de saúde pública, que vão desde reabrir de forma segura as escolas, creches e acampamentos de verão, até precauções necessárias para obter uma amostra da garganta de uma criança que não estiver cooperando com o tratamento.

 

Destrinchando 

 

Após uma revisão bibliográfica de estudos publicados em diferentes países como Suíça, França, China e Austrália a respeito da volta às aulas, os pesquisadores concluíram que as crianças não transmitem de forma significativa o novo coronavírus, além de ser possível diminuir drasticamente a possibilidade de contágio no meio escolar, desde que tomados os cuidados necessários. 

O principal estudo explorado pelos norte-americanos foi o "COVID-19 in Children and the Dynamics of Infection in Families", coordenado pela pediatra Klara M. Posfay-Barbe, da Universidade de Genebra que tratava da dinâmica da Covid-19 dentro de famílias de crianças infectadas pelo vírus em Genebra, na Suíça. De 10 de março até 10 de abril de 2020, houve rastreamento de contato de todas as crianças, com idade menor que 16 anos, diagnosticadas no hospital universitário de Genebra para identificar pessoas infectadas dentro da própria casa.  

Das 39 casas avaliadas, em apenas 3 delas (7.69%) uma criança foi a suspeita de infecção inicial, com sintomas precedendo os apresentados pelos adultos. Em todas as outras casas, a criança desenvolveu sintomas após ou ao mesmo tempo que seus familiares, sugerindo que a criança não foi a fonte da infecção e que os menores adquirem a doença dos adultos com mais frequência do que transmitem.

Outra investigação científica em que o estudo se debruçou tratou da transmissão domiciliar na China. De 68 crianças com confirmação de Covid-19 admitidas no hospital de mulheres e crianças de Qingdao, de 20 de janeiro a 27 de fevereiro de 2020, 65 (95.59%) pacientes foram infectados por adultos da mesma casa. 

E de 10 crianças hospitalizadas fora de Wuhan, epicentro original da pandemia, em apenas uma existiu uma possível transmissão da Sars-Cov-2 de criança para adulto, baseada na cronologia dos sintomas.  

Similarmente, a transmissão da SARS-CoV-2 por crianças fora de sua residência parece ser incomum. Porém, as informações a respeito deste cenário ainda são limitadas. Em um estudo na França, pesquisadores descobriram que um garoto de 9 anos e com sintomas respiratórios associados a uma coinfecção de picornavírus (pequenos vírus RNA que em seres humanos causa o resfriado comum), influenza A e SARS-CoV-2 expôs mais de 80 colegas de classe em três escolas diferentes. 

 

Para ler a resenha completa do artigo clique aqui. 

Data da última modificação: 28/09/2020, 14:12