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Evolução e propagação epidêmica da SARS-CoV-2 no Brasil

A maior parte (76%) das estirpes (grupo de descendentes com um ancestral comum que compartilham semelhanças morfológicas ou fisiológicas) brasileiras caem em 3 clados (grupos de organismos originados de um único ancestral comum exclusivo) que foram introduzidos da Europa entre 22 de fevereiro e 11 de março de 2020. É o que aponta um recente estudo publicado pela revista Science, fruto de uma parceria entre instituições brasileiras e britânicas, como a Universidade de Oxford.

Título original: Evolution and epidemic spread of SARS-CoV-2 in Brazil


Título Traduzido: Evolução e propagação epidêmica da SARS-CoV-2 no Brasil


Autores: Darlan S. Candido1,2,*, Ingra M. Claro2,3,*, Jaqueline G. de Jesus2,3,*, William M.
Souza4,*, Filipe R. R. Moreira5,*, Simon Dellicour6,7,*, Thomas A. Mellan8,*, Louis du Plessis1,
Rafael H. M. Pereira9, Flavia C. S. Sales2,3, Erika R. Manuli2,3, Julien Thézé10, Luiz Almeida11,
Mariane T. Menezes5, Carolina M. Voloch5, Marcilio J. Fumagalli4, Thaís M. Coletti2,3, Camila
A. M. da Silva2,3, Mariana S. Ramundo2,3, Mariene R. Amorim12, Henrique H. Hoeltgebaum13,
Swapnil Mishra8, Mandev S. Gill7, Luiz M. Carvalho14, Lewis F. Buss2, Carlos A. Prete Jr15,
Jordan Ashworth16, Helder I. Nakaya17, Pedro S. Peixoto18, Oliver J. Brady19,20, Samuel M.
Nicholls21, Amilcar Tanuri5, Átila D. Rossi5, Carlos K.V. Braga9, Alexandra L. Gerber11, Ana
Paula de C. Guimarães11, Nelson Gaburo Jr22, Cecila Salete Alencar23, Alessandro C.S.
Ferreira24, Cristiano X. Lima25,26, José Eduardo Levi27, Celso Granato28, Giulia M. Ferreira29,
Ronaldo S. Francisco Jr11, Fabiana Granja12,30, Marcia T. Garcia31, Maria Luiza Moretti31,
Mauricio W. Perroud Jr32, Terezinha M. P. P. Castiñeiras33, Carolina S. Lazari34, Sarah C.
Hill1,35, Andreza Aruska de Souza Santos36, Camila L. Simeoni12, Julia Forato12, Andrei C.
Sposito37, Angelica Z. Schreiber38, Magnun N. N. Santos38, Camila Zolini de Sá39, Renan P.
Souza39, Luciana C. Resende-Moreira40, Mauro M. Teixeira41, Josy Hubner42, Patricia A. F.
Leme43, Rennan G Moreira44, Maurício L. Nogueira45, Neil M Ferguson8, Silvia F. Costa2,3,
José Luiz Proenca-Modena12, Ana Tereza R. Vasconcelos11, Samir Bhatt8, Philippe Lemey7,
Chieh-Hsi Wu46, Andrew Rambaut47, Nick J. Loman21, Renato S. Aguiar39, Oliver G. Pybus1,
Ester C. Sabino2,3,†, Nuno Rodrigues Faria1,2,8.

 

Projeto Covid-19 e a Matemática das Epidemias - Fazendo a Ponte entre Ciência e
Sociedade


Tradução: Danillo Barros de Souza e Jonatas Teodomiro


Síntese: Camila Sousa e Júlia Lyra


Coordenação: Felipe Wergete Cruz

 

Introdução


Atualmente o Brasil possui uma das maiores epidemias de SARS-CoV-2 no mundo. Devido
a quantidade limitada de dados, avaliar o impacto de intervenções não-farmacêuticas (NPIs)
sobre a propagação do vírus continua um desafio. Com mais de 100 introduções diferentes
do vírus, a Covid-19 entrou no país sobretudo através de cidades que recebem voos
internacionais. Isto levou o estudo a crer que, apesar da diminuição da taxa de
reprodutibilidade da doença em estados como Rio de Janeiro e São Paulo, as medidas de
isolamento social não obtiveram êxito no controle do novo coronavírus.

A maior parte (76%) das estirpes (grupo de descendentes com um ancestral comum que
compartilham semelhanças morfológicas ou fisiológicas) brasileiras caem em 3 clados
(grupos de organismos originados de um único ancestral comum exclusivo) que foram
introduzidos da Europa entre 22 de fevereiro e 11 de março de 2020. É o que aponta um
recente estudo publicado pela revista Science, fruto de uma parceria entre instituições
brasileiras e britânicas, como a Universidade de Oxford.

 

Destrinchando


Os pesquisadores fizeram o sequenciamento de 427 genomas do vírus obtidos em 85
municípios de 18 estados de todas as regiões do Brasil (Fig. 2A). Para isso, os cientistas
usaram amostras coletadas entre 5 de março e 30 de abril de 2020. Para cada estado, o
tempo entre o primeiro caso reportado e a data de coleta da primeira sequência analisada
naquele estado é de apenas 4.5 dias em média (Fig. 2A).

Para oito estados, genomas foram obtidos de amostras coletadas em até 6 dias antes da
notificação do primeiro caso. Genomas sequenciados foram obtidos de amostras coletados
numa média de 4 dias (variando entre 0 e 29 dias) após o começo dos sintomas de Covid-19
e foram gerados em 3 laboratórios usando sequenciamento harmonizado e protocolos de
bioinformática.

Especificamente, o número de genomas por estados se correlaciona fortemente com o
número de casos de síndromes respiratórias agudas graves (em inglês, SARI) por SARSCoV-
2 e casos da infecção de origens desconhecidas por estado.

O estudo combinou também os dados epidemiológicos aos genômicos para investigar a
transmissão do vírus em diferentes escalas e o impacto das medidas de intervenção não
farmacêuticas (NPIs) no combate à pandemia no país.

A pesquisa utilizou um modelo bayesiano semi-mecanistico (modelo que estima os
parâmetros da distribuição posterior usando um método de inferência estatística) para
atualizar a probabilidade de uma hipótese. Tudo isso partindo de evidências ou informações
disponíveis para analisar a estatística da mortalidade da SARI/dados de mobilidade humana
para estimar mudanças diárias no número de reprodução.

 

Para ler a resenha completa do artigo clique aqui. 

Data da última modificação: 08/09/2020, 18:32