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Agenda UFPE discute pandemia da Covid-19 na América Latina

A conversa do reitor com o diretor da Opas, Jarbas Barbosa, foi realizada on-line, e o vídeo pode ser conferido no canal da UFPE no YouTube

A situação atual e as lições da pandemia de Covid-19 na América Latina foram abordadas na terceira edição, na última sexta-feira (2), do Agenda UFPE – Educação, Sustentabilidade e Desenvolvimento. O evento teve a participação do vice-diretor da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas)/Organização Mundial da Saúde (OMS), Jarbas Barbosa, com mediação do reitor Alfredo Gomes. O evento foi realizado on-line, e o vídeo pode ser conferido no canal da UFPE no YouTube. 

Segundo Jarbas Barbosa, o mundo já registra praticamente 33,5 milhões de casos confirmados de Covid-19 e mais de um milhão de mortes pela doença. Na região das Américas, há quase 16 milhões de casos e mais de 540 mil mortes, com destaque para os Estados Unidos e o Brasil. Na América do Sul, o Uruguai destaca-se como o país que conseguiu maior controle da transmissão.

A evolução da pandemia tem sido diferente entre os países, de acordo com as medidas de proteção adotadas. O convidado exemplificou os casos de Espanha e Peru, a partir do número de mortes por Covid-19. No país europeu, a curva sobe rapidamente antes das medidas de distanciamento social e, com a adoção de medidas de contenção rigorosas, apresenta importante redução de mortes em poucas semanas. Já no Peru, há uma onda mais prolongada (com achatamento da curva), sem explosão inicial de mortes, com redução da velocidade, mas com pouco controle da transmissão.

O mesmo acontece na comparação entre Itália e Brasil. A Itália apresenta um “V” invertido, com explosão inicial de mortes, posterior adoção de medidas de contenção da doença e consequente redução da letalidade. “O caso do Brasil, muito parecido com o Peru: começa a subir mais lento, medidas adotadas seguraram a transmissão até um certo ponto, mas não foram capazes de controlá-la. Então, a gente tem curvas diferentes”, explicou Barbosa.

“É um desafio grande porque não se trata só de uma crise de saúde pública, mas também de uma crise econômica e social”, disse o palestrante. Redução no Produto Interno Bruno (PIB), aumento da pobreza e redução de atividades econômicas, como exportações e turismo, são consequências atreladas à pandemia, atingindo diversos países, especialmente os mais pobres.

Entre os desafios e as lições da pandemia do novo coronavírus, Jarbas Barbosa destacou a necessidade de os países se prepararem para cenários difíceis, o peso dos determinantes sociais e econômicos no controle da doença, a importância do acesso equitativo à saúde, como vacina, equipamentos e testes. Além disso, a pandemia reforçou as fortalezas e debilidades dos sistemas de saúde dos países, mostrou a necessidade de adaptação/inovação nos programas de saúde pública, a necessidade de fortalecer os sistemas de informação para a saúde e transformação digital e a necessidade de sistemas amplos de proteção social.

A pandemia também evidenciou a vulnerabilidade da América Latina na produção de medicamentos, vacinas e produtos de saúde e mostrou a tensão permanente entre solidariedade e nacionalismo. “O melhor equilíbrio, na verdade, a melhor proteção para todo mundo é se não só um, ou dois, ou dez países ricos, mas se cada país tiver capacidade de detectar e de reagir e de conter, no começo, qualquer nova emergência de saúde pública”, afirmou Barbosa.

O reitor Alfredo Gomes falou sobre a importância do tema e do convidado. “A Universidade Federal [de Pernambuco] está à disposição para continuar esse diálogo, formar parceiras, construir coletivamente obviamente em torno de um projeto de país em que a ciência, a tecnologia, a pesquisa e as universidades públicas são centrais nesse projeto estratégico”, ressaltou.

Data da última modificação: 05/10/2020, 16:15