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Primeiro relatório da UFPE sobre sequenciamento do SARS-CoV-2 em Caruaru constata predominância da variante P.1

Essa variante geralmente provoca quadros mais graves, o que justifica sua predominância nos casos avaliados neste estudo

A variante P.1 de Manaus (ou variante Gamma, segundo a recente designação proposta pela Organização Mundial da Saúde – OMS), do vírus SARS-CoV-2, prevalece atualmente no município de Caruaru, no Agreste de Pernambuco. É o que revela a primeira nota técnica emitida pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que apresenta os primeiros resultados do convênio entre a instituição de Ensino Superior e a Prefeitura de Caruaru para monitoramento epidemiológico de variantes do coronavírus para melhor controle da pandemia da Covid-19 na região.

Conforme o documento, divulgado ontem (7), foram enviadas ao Núcleo de Pesquisa em Inovação Terapêutica Suely Galdino (Nupit SG/UFPE) 48 amostras de swabs nasofaríngeos provenientes de pacientes de Caruaru (47) e Toritama (01), todos com sinais clínicos da Covid-19. Os pacientes estavam internados em hospitais das cidades, sendo 13 alocados na enfermaria (setor amarelo), 25 no semi-intensivo (setor vermelho) e dez na UTI (Unidade de Terapia Intensiva). Desse total, 29 amostras foram selecionadas para a realização do sequenciamento genômico na Fiocruz Pernambuco/Instituto Aggeu Magalhães.

Os resultados indicaram que, dessas 29 amostras, foi possível sequenciar, com eficiência e confiabilidade, 27 amostras (todas de Caruaru), das quais 26 apresentaram mutações características da variante P.1. Segundo a professora Michelly Pereira, pesquisadora do Nupit SG/UFPE, a predominância da variante P.1 do SARS-CoV-2 no Agreste é preocupante devido à presença de mutações que resultam na maior transmissibilidade. Essa variante geralmente provoca quadros mais graves, o que justifica sua predominância nos casos avaliados neste estudo, em que todos os pacientes tinham alterações respiratórias com demanda de oxigênio. 

O reitor Alfredo Gomes ressalta a importância desta pesquisa. “É fundamental, portanto, que, a partir desse trabalho, possamos, junto com a prefeitura, orientar as políticas públicas de saúde no município para responder à presença mais forte ou predominante de uma ou mais variantes. No caso específico deste primeiro levantamento, deste primeiro diagnóstico, predomina, portanto, a variante P.1”, disse ele.

Como cita o relatório, estudos indicam uma alta taxa de mortalidade relacionada à infecção da variante P.1, especialmente devido à superlotação das Unidades Intensivas de Saúde, confirmando a gravidade da situação dos municípios da região Agreste. Caruaru registra uma elevação permanente de reinfecções por Covid-19, considerando dados da própria prefeitura que documentam cerca de 600 casos de potenciais reinfecções, especialmente nos últimos 90 dias. Isso pode ser um forte indicativo da presença de variantes de preocupação e/ou de importância circulantes.

A prefeita de Caruaru, Raquel Lyra, pontuou que, com esse detalhamento, entende-se melhor o comportamento do vírus, a sua transmissibilidade e a mudança de comportamento sintomático que pode causar nas pessoas infectadas. Ainda segundo ela, investigar o comportamento do vírus pode ajudar nas estratégias para a contenção da doença.

“Vale ressaltar a importância da iniciativa da Prefeitura de Caruaru no que diz respeito à implementação da vigilância genômica no município, dada a reconhecida necessidade de se acompanhar a evolução do novo coronavírus no Estado de Pernambuco e no Brasil. O monitoramento das linhagens circulantes no município será mantido ao longo dos próximos meses, gerando informações que servirão para que os órgãos de saúde municipais e estaduais possam direcionar as ações de enfrentamento à Covid-19 de forma mais efetiva”, concluiu o professor Valdir Balbino, pesquisador do Laboratório de Bioinformática e Biologia Evolutiva (Labbe) da UFPE.

CONVÊNIO – No dia 31 de maio, a UFPE e a Prefeitura de Caruaru firmaram o convênio para realizar um monitoramento epidemiológico de variantes do vírus SARS-CoV-2 na região. O acordo tem duração de seis meses.

Data da última modificação: 09/06/2021, 17:20