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Estudo de especialistas do HC associa sequelas da covid-19 aguda à doença autoimune

Trabalho foi publicado na revista internacional Oral Diseases

Os sinais característicos da Síndrome de Sjögren (SS), conhecidos também como Sintomas Sicca, foram identificados em pacientes que tiveram covid-19 aguda e que são acompanhados pelo Núcleo Pós-Cuidados Intensivos do Hospital das Clínicas da UFPE. Essa foi a base para o estudo “Sicca symptoms in post-acute COVID-19 syndrome (Sintomas de Sicca na síndrome de pós-covid-19 aguda)”, publicado na revista internacional Oral Diseases. Para conferir a pesquisa completa basta acessar aqui. O HC é uma unidade vinculada à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh).

“Após acompanhar uma população de reabilitados pós-covid no HC-UFPE, notamos sintomas como diminuição do fluxo de saliva e redução da secreção lacrimal, acompanhados da sensação de boca e olhos secos, entre outros, o que nos levou à hipótese de ser uma complicação da covid-19 associada à Síndrome de Sjögren. Estamos avaliando outros aspectos para confirmar a presença dessa doença num estudo com maior número de pacientes”, revelou o coordenador da Assistência Odontológica do HC e um dos autores do artigo, Luiz Alcino Gueiros, que também é professor da UFPE.

A Síndrome de Sjögren é uma doença autoimune que se caracteriza principalmente pela manifestação de secura ocular e na boca associadas à presença de autoanticorpos ou sinais de inflamação glandular. Os pacientes também podem apresentar secura na pele, nariz e vagina, além de fadiga e artrites.

Luiz Alcino acrescentou que outro fato incomum foi enxergar os sintomas da SS em uma população composta majoritariamente por homens, quando geralmente a doença acomete mais as mulheres. Vinte e dois pacientes adultos que se recuperaram da covid-19 aguda e permaneceram, pelo menos, três dias na UTI do HC foram analisados. Os pesquisadores notaram uma manifestação intrigante de sintomas Sicca, antes ausentes nos pacientes, e com duração superior a seis meses após a covid-19. “As consequências em longo prazo ainda não são totalmente compreendidas, mas o estudo mostra mudanças significativas que salientam a importância da monitorização destes pacientes após a covid-19”, completa Luiz Alcino.

Coordenadora do Núcleo Pós-Cuidados Intensivos e uma das autoras do estudo, a médica intensivista Renata Beltrão destaca a importância da atenção interdisciplinar após a alta da UTI e as inúmeras pesquisas que estão sendo desenvolvidas no HC. “É importante conhecer as possíveis manifestações clínicas que perduram após um adoecimento grave. Esse estudo, com suas observações e análises, é um dos frutos dessa linha de cuidado”, salienta Renata.

Além de Luiz Alcino e de Renata Beltrão, também assinam a carta científica a cirurgiã-dentista Thayanara Melo, a enfermeira Andréia Mendonça (todas do Núcleo Pós-Cuidados Intensivos do HC) e a médica Angela Duarte, supervisora da Área Assistencial de Reumatologia do HC.

Data da última modificação: 12/04/2022, 13:54