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Dr. José Joaquim Seabra

Centésimo sexagésimo sexto aniversário do Dr. José Joaquim Seabra Júnior, conhecido como J. J. Seabra, que teve atuação magnífica no cenário cultural e politico do país.

Fotografia de José Joaquim Seabra – Fonte: CPArq - UFBA

De acordo com a certidão de idade de 1873 do aluno José Joaquim Seabra Júnior, consta a seguinte informação: Lourenço Borges de Lemos Presbítero Seculares Cavalheiro da Ordem de Cristo, Examinador Episcopal, cônego honorário da Sé Metropolitana e Pároco Colado da Freguesia da Penha. Certifico que revendo o livro em que se lação os assentos de batismos desta freguesia, dele folha 92 v, consta o seguinte: Aos 08 de dezembro de 1856 na Capela dos Mares, filial desta freguesia batizei solenemente e pus santo Óleos a José, branco, nascido a 21 de agosto de 1855, filho legítimo de José Joaquim Seabra com D. Leopoldina Alves Seabra. Foram padrinhos Manoel José Alves e D. Maria Emília Villas-Boas. 

Fez os estudos preparatórios nos colégios do Dr. Guilherme Pereira Rebelo, como aluno interno, e Dr. Urbano Monte, como aluno externo. Neste curso preparatório foi aluno do Dr. Guilherme Rebello, na disciplina de Português; de Henrique Imbassahy em Latim e Retórica; de Ernesto Carneiro Ribeiro, em Francês; Octávio Odilon em História; Sebastião Pinto de Carvalho e o Cônego Emílio Freire Lobo na disciplina de Filosofia; e de Horário Martins Guimarães e Leopoldino Antônio de Freitas Tantu em Matemática

À época, era permitido fazer os exames em qualquer Faculdade para poder ingressar em outra. Para ingressar na Faculdade de Direito de Recife, prestou exames na Faculdade de Medicina da Bahia, sendo aprovado, plenamente, em todas as matérias, menos em Geografia, na qual foi simplemente (os exames de latim, francês, aritmética, geografia e filosofia racional). No futuro, sendo nomeado por parte do governo Federal para as funções de examinador da cadeira de Retórica, nos exames de admissão à Faculdade de Medicina da Bahia, e examinou com o seu antigo mestre, Henrique Imbassay.

Seabra somente não realizou em Salvador os exames de retórica, já que essa cadeira não existia na Faculdade de Medicina, tendo, para tanto, que se deslocar até Recife para se submeter à respectiva prova  - que foi aprovado com distinção.

Aos 15 de março de 1873, com 18 anos de idade, ingressou no Curso Jurídico na Faculdade de Direito do Recife, após ter sido aprovado nos exames preparatórios. Então, estudou na Rua do Hospício, em Recife, ocupando um velho sobrado, conhecido como Pardieiro, devido às péssimas condições do prédio. Destacando-se logo entre os condiscípulos, pelos dotes de inteligência e aplicação aos livros. Conhecia bem todas as matérias, muitas das quais lecionava particularmente para obter meios com que auxiliar os custeio do curso, dada a modéstia dos recursos de sua família. E, ainda, sobrava-lhe tempo para redigir  o "Culto das Letras" e a "Revista Acadêmica de Ciências e Letras".

Nesta época de estudante, insere-se nas atividades científicas, integrando o Instituto Histórico e Filosófico Pernambucano e o Grêmio Jurídico, sendo que deste chegou a ser eleito para integrar a Comissão de Redação. 

Em um jornal da época (Diretrizes), falou que quando estudante faltou apenas dois únicos dias à faculdade e que fez todo o curso com distinções, em todas as cadeiras. Com 22 anos de idade, bacharelou-se em ciências jurídicas e sociais na Faculdade de Direito do Recife em 05 de novembro de 1877 e aprovado com distinção. Formou-se ao lado de outros baianos como Joaquim Inácio Tosta, Luís Antônio Pires de Carvalho e Albuquerque, Pedro Leão Veloso Filho, José Joaquim Palma e Augusto José Teixeira de Freitas. No Ato da Colação de J. J. Seabra, o professor Aprígio Guimarães, requereu a solicitação ao Imperador um prêmio previsto no art. 131 dos Estatutos então vigente, apesar do Governo Imperial não ter, até então, expedidas as Instruções de que tratam os arts. 258 e 259 do Regulamento Complementar. O prêmio nunca foi escolhido e Seabra jamais usufruiu desse prêmio. 

No mesmo dia embarcou para Salvador, num vapor francês, a bordo do paquete Mondengo, desembargando em Salvador a 12 de novembro de 1877, e por ato do dia 17 de novembro de 1877, foi nomeado primeiro promotor público em Salvador, pelo então presidente da Província, Barão Homem de Melo (Francisco Inácio Marcondes Homem de Melo). Pretendia fazer um pequeno estágio como promotor para em seguida entrar em concurso numa das vagas de catedrático da Faculdade de Direito do Recife.

Em 04 de julho de 1878, casou-se com Amélia Benvinda de Freitas, filha do Dr. José Antônio de Freitas. Desse casamento, teve quatro filhos: José Joaquim Seabra Filho (deputado federal e escrivão em Cartório no Rio de Janeiro), Amélia de Freitas Seabra, Artur de Freitas Seabra (militar, chegando a ser o 2º Comandante do Corpo de Fuzileiros Navais) e Carlos de Freitas Seabra (cirurgião-dentista, Deputado Estadual na Bahia de 1917 a 1924, Oficial do Protesto de Letras, Títulos e Documentos da Comarca de Salvador).

No ano seguinte de formado, retorna ao Recife e inicia na mesma Faculdade o Doutorado, e após ter defendido a tese sobre “Sociedades Anonima”, foi classificada plenamente (maior grau de aprovação em defesa de tese) por uma banca composta pelos professores Conselheiro Francisco Paula Batista, José Faria de Aguiar, Manoel Nascimento Machado Portela e João Thomé da Silva , tendo funcionado como arguentes os professores João Vieira de Araújo, José Higino Duarte Pereira e Antônio Coelho Rodrigues. De todos os que se submeteram aos exames de doutorado pela Faculdade de Recife, somente Coelho Rodrigues havia obtido o mesmo grau de aprovação que Seabra. Sido aprovado por maioria dos votos, obteve aptidão ao grau de Doutor pela Faculdade de Direito do Recife em 31 de outubro de 1878, com 23 anos de idade, pelo padrinho Dr. Aprígio Justiniano da S. Guimarães. Nesse ano quem também concluiu o doutorado foram os alunos: Albino Gonçalves Meira de Vasconcellos, Francisco Gomes ParenteJoaquim de Albuquerque Barros Guimarães, Lomelino Drummond e José Maria Metelo.

Com o título de Doutor em Ciências Jurídicas e Sociais, regressando a Salvador, não só continuava na sua função de Promotor Público, como, ainda, advogava, recebendo sua clientela em seu escritório. Por essa mesma época, ele ministrava curso de filosofia e de retórica.

Fonte: Gazeta da Bahia 1879

Em março de 1879, o jovem promotor público baiano se inscreve no concurso aberto para vaga de professor substituto da Faculdade de Direito do Recife. Antes de seguir para Recife, Seabra solicitou ao Juiz ao qual servia como Promotor, Dr. Luís Antônio Affonso de Carvalho, um atestado de capacidade. Ao certo para se preparar e participar para o concurso, Seabra obtém dois meses de licença do cargo de Promotor Público, com vencimentos integrais, “por motivo de saúde”.

Naquele concurso, realizaram-se as respectivas provas no período decorrido de 26 de maio a 14 de junho de 1879, tendo competindo com Albino Meira, já tinha feito três concursos e era sobrinho do ministro Meira de Vasconcelos; Rosa e Silva, que foi companheiro dos cinco anos acadêmicos e aluno muito distinto;  Barros Guimarães, que já tinha entrado em cinco concursos; e Laudelino Drumond. Seabra apresentara para o concurso uma tese sobre Direito Comercial: “Produz efeito contra os administradores ou diretores da sociedade anônima a presença que qualifica – culposa ou fraudulenta – a falência dela?” Foram eleitos três na forma da lei para fazer parte da proposta submetida a escolha do Governo Imperial e foram em primeiro lugar por seis votos conta cinco o Dr. Albino Meira; segundo, o Dr. Barros Guimarães por dez votos conta um; e em terceiro, o Dr. Seabra por sete votos conta quatro.

Em uma reportagem, Dr. Seabra falou como realizou o concurso na época: O concurso compunha-se a banca de sete examinadores, três lentes substitutos e quatro catedráticos. Faziam a votação das provas, escritas e oral, em dois escrutínios, se recebesse sete bolas pretas no primeiro escrutínio estava perdido. O critério, como vê, era secreto. Ficou nos anais da velha faculdade esse concurso, no qual as provas de Seabra empolgaram a congregação e o público. Apesar disso tudo, o candidato J. J. Seabra foi classificado em terceiro lugar. Não se conformou. Como ele mesmo falou na reportagem, juntou os seus documentos, inclusive a prova oral taquigrafada e mais um atestado valiosíssimo, assinado pelo Juiz Luiz Antônio Affonso de Carvalho, da 1ª vara, na Bahia, onde eu servia como promotor público. Vindo ao Rio com seu memorial para solicitar a revisão das suas provas no concurso, Seabra foi recebido em audiência pública pelo Imperador D. Pedro II, que o tranquilizou quanto a justiça que farta, mediante o exame dos documentos referentes ao concurso.

Conforme a fala de Seabra na reportagem, informa que as provas foram reexaminadas por um membro do Conselho de Estado. E logo depois, foi nomeado lente substituído da Faculdade de Direito do Recife por sua Majestade, o Imperador.

Como promotor público em Salvador pouco se demorou, exerceu esse cargo com grande brilho até março de 1880, para se dedicar ao magistério superior. 

Com apenas 24 anos e conforme o livro de posse da Faculdade de Direito do Recife, que consta que: aos 30 de março de 1880, perante os Exmo. Senhor Conselheiro Dr. João Alfredo de Oliveira Diretor e Lentes reunidos em Congregação, compareceu Dr. José Joaquim Seabra para tomar posse do lugar de Lente Substituto desta faculdade e apresentando o seu título datado de 06 de março de 1880. Tomou posse, como substituto a 30 de março, tendo, nesse mesmo ano de reger a cadeira de economia política, vaga pelo falecimento de Aprígio Justiniano da Silva Guimarães

Logo cedo se destacara dentre os professores, sendo, inclusive, nomeado pela Congregação para escrever a memória Histórica Acadêmica do ano de 1881 da Faculdade de Direito do Recife e que foi lida e aprovada unanimemente na parte histórica em sessão da Congregação em 01 de março de 1882.

Aos 31 anos de idade, no dia 30 de outubro de 1886, nesta Faculdade de Direito do Recife, perante o Exmo. Senhor Conselheiro Diretor interino Dr. João Silveira de Souza e mais Lentes reunidos em congregação, compareceu o Lente Substituto Dr. José Joaquim Seabra para tomar posse do lugar de Lente Catedrático da 2ª cadeira do 2º ano da mesma faculdade, vaga pelo falecimento do Dr. Graciliano de Paula Baptista e apresentando o respectivo Título do Decreto Imperial datado de 25 de setembro de 1886, pelo qual foi nomeado para sobre dito lugar. 

Mais tarde, em 18 de agosto de 1887, a pedido do próprio Seabra – Lente da 2ª cadeira do 2º ano da Faculdade de Direito do Recife, de conformidade com o disposto no art. 35 dos Estatutos que baixaram com o Decreto Nº 1366 de 28 de abril de 1856, transferi-lo para a 2ª cadeira do 5º ano (cadeira de Economia Política) da mesma Faculdade, na vaga surgida com a morte do professor José Joaquim Tavares Belfort. Tomou posse nessa nova disciplina em 02/09/1887. 

Aos 35 anos de idade, em 21 de fevereiro de 1891, o generalíssimo Manoel Deodoro da Fonseca, chefe do governo Provisório constituído pelo Exército e Armada, em nome da Nação, resolve nomeá-lo Diretor da Faculdade de Direito do Recife. Tomou posse e entrou em exercício em 23 de fevereiro de 1891. Como Diretor da Faculdade de Direito do Recife exerceu por pouco tempo devido a suas intenções políticas, então, no mesmo ano, exatamente no dia 24 de Dezembro de 1891, o Dr. José Izidoro Martins Júnior tomou posse de Diretor Efetivo. 

A República afastou-o da Faculdade para entregá-lo à política. Monarquista, inicialmente foi defensor da abolição mediante indenização aos senhores de escravos, posição que reviu ao longo dos anos, tornando-se um abolicionista moderado. Em 1889 foi candidato avulso a deputado geral pela província da Bahia, por não ter seu nome aprovado pelo Partido Conservador, mas não assumiu o mandato em decorrência da Proclamação da República. Foi deputado geral constituinte (1891-1893).

Tendo tomado parte notável no movimento de 10 de abril de 1893, que pretendia devolver Deodoro na presidência da República e dela apear Floriano, foi alvo de um ato violento do Governo, que o declarou demitido de lente da Faculdade e desterrado para Cucuí, região praticamente desabitada da Amazônia (passou 7 meses e teve como companheiro de exílio José do Patrocínio). Agitação da mocidade foi enorme e repercutiram a próposito desse fato, Rui escreveu no "Jornal do Brasil" um artigo que se intitulava “Honra a Pernambuco”.

A sua cadeira de economia política foi posta em concurso, mas a maioria dos estudantes, com a simpatia de alguns Lentes, opuseram-se e tais depredações fizeram no edifício da Faculdade que o ato foi suspenso e, afinal, os dois candidatos, Sophonio Eutichniano da Paz Portella e Francisco Alcedo da Silva Marrocos desistiram do pleito. Por seu lado, a Congregação aprovou uma proposta em que se fazia sentir a necessidade de ser respeitado o direito dos Lentes à vitaliciedade. Teve também a proposta do Dr. Portela Júnior, a Congregação, a 10 de agosto de 1892, solicitou do Governo que reintegrasse o Dr. Seabra, ou, pelo menos, se equiparasse a sua condição à dos militares, seus companheiros de desterro, jubilando-o. O Governo guardou em silêncio, mas, finalmente, a demissão se não tornou efetiva – Pelo decreto Legislativo Nº 72 B, de 05 de agosto de 1892, envolve a reintegração do anistiado no cargo de que foi privado. Resolve revogar o mencionado decreto de 12 de abril de 1892. Capital Federal, em 14 de novembro de 1895  - 7ª da República  - Prudente J. de Moraes Barros. 

Em suma, retornando com a anistia de 1895, e tudo reverteu ao estado anterior. Ao regressar Dr. Seabra do exílio, no dia 08 de dezembro de 1895, a bordo do Nil chegando do Sul, para reintegrar na sua cadeira de Economia Política, os acadêmicos prepararam lhe uma grandiosa recepção, enfeitaram alguma rua e edifício da faculdade, onde houve uma sessão magna sendo orador oficial o Sr. Abas de Albuquerque. E no estabelecimento de joias do Sr. Krause, a rua 1º de março, acha se uma exposição riquíssima coroa de louro com o qual foi coroado o Dr. Seabra por ocasião da sessão.

Posteriormente, foi eleito deputado federal em três ocasiões (1897-1899, 1900-1902 e 1909-1911), chegando à Liderança do Governo durante o mandato de Campos Sales, sendo o último mandato como deputado federal de 1916 a 1920. Além disso, alcançou o raro feito de participar de duas Assembleias Constituintes nos anos 1890 e 1933, respectivamente. Ainda no tocante à vida política, outro fato marcante ocorreu quando, por ocasião de se discutir o Código Civil na Câmara dos Deputados, em 1901, foi eleito presidente da comissão especial, incumbida do estudo do projeto enviado pelo Governo; e, nessa qualidade, coube-lhe fazer à Câmara a apresentação do projeto, como saíra dos debates, no seio da comissão especial.

Por sua ordem e sob a sua direção, foram impressos os oito volumes, em que se contêm os Trabalhos da Comissão especial da Câmara em 1901, os quais, apesar da impressão defeituosa, que tiveram, constituem fonte valiosa para o estudo da formação do nosso Código Civil de 1916.

Ocupou, no governo de Rodrigues Alves, o Ministério da Justiça (1902-1906), e interinamente foi ministro das Relações Exteriores (por um mês, em 1902). Na presidência de Hermes da Fonseca foi Ministro da Viação e Obras Públicas (1910-1912), chegando, ainda, ao cargo de Senador.

Governou a Bahia em duas ocasiões, sendo o primeiro de 29.03.1912 a 28.03.1916; e o segundo de 28.03.1920 a 28.03.1924.. Como entre 1916 e 1920 foi governador Antônio Moniz, seu aliado político, o período do seabrismo na Bahia se estende por 12 anos, desde 1912 até 1924. Sua posse no governo foi marcada pelo Bombardeio de Salvador em 1912, quando, para evitar a manobra da transferência da capital da Bahia para Jequié que visava a postergar eleições, ordenou o bombardeio do palácio do governo. Seabra, a lado de José Marcelino, Antônio Moniz e Góis Calmon, foi um dos poucos governadores da Bahia que não romperam com seus sucessores (mas, no segundo governo, rompeu com Góis Calmon, antes mesmo deste tomar posse no governo do estado).

Em 1922, foi candidato a vice-presidente na chapa dissidente "Reação Republicana", encabeçada por Nilo Peçanha, e apoiada pelas oligarquias situacionistas da Bahia, Rio de Janeiro, Pernambuco e Rio Grande do Sul, derrotada pelo candidato oficial Artur Bernardes.

Sendo Senador pela Bahia (1917-1920) e Vereador no Distrito Federal em 1926 e deputado Federal pela Bahia em 1933-1937, sendo essa sua segunda participação em uma Assembleia Constituinte. Seabra encerrou sua participação na vida pública, a contragosto, com a Revolução de 30, que apoiou, mas sem obter a esperada contrapartida. É lembrado pela ampla obra de reurbanização empreendida na capital baiana, pela oratória, gestos largos e por suas controvérsias políticas. 


 J. J. Seabra – Fonte: Diretrizes – 16/04/1942

Por Decreto de 14 de outubro de 1931, o chefe do governo provisório da República aposentou o Dr. José Joaquim Seabra, catedrático em disponibilidade da Faculdade de Direito do Recife com todos os vencimentos e vantagens inerentes ao cargo.

Aos, 87 anos de idade, faleceu no Rio de Janeiro – Distrito Federal, em 5 de dezembro de 1942, as 16:15 da tarde, num modesto quarto do Hospital de Beneficência Portuguesa(Rua Santo Amaro), onde se achava internado há vários dias. O corpo embalsamado, ficou exposto na Casa Baía, a avenida Rio Branco nº 144, 9º andar, seguindo, depois, em 10 de dezembro de 1942, pelo avião da Panair, foi transportado para Salvador-Bahia o corpo do ilustre estadista, Dr. J. J. Seabra.

Às 17 horas, o hidroavião especial, em suave amaragem sobre a água do porto dos Tainheiros, acabava de transportar desde o aeroporto do Rio de Janeiro o corpo do ilustre extinto, que acompanharam os restos mortais do saudoso professor de direito, ex-governador da Bahia, ex-ministro e parlamentar, várias pessoas de sua família, inclusive o seu filho Capitão de Mar e Guerra Arthur Seabra, chefe do Estado – Maior do Corpo de fuzileiro Naval. 

Após a retirada do esquife do hidroplano, foi o caixão de mogno com incrustações de bronze levado até o carro mortório, entre a melancolia silente e lutuosa multidão, rumando então para a Faculdade de Medicina da Bahia entre alas de povo que se espalhava, respeitoso, por todo o percurso, patenteando o imenso pesar de que estava possuído o sentimento baiano. 

O Governo do Estado pediu permissão a família Seabra para a escolha e doação do local da sepultura do insigne baiano, sendo escolhida a campa n.º 1294, na quadra 1, esquerda de quem entra, ao lado dos túmulos de Castro Alves (o poeta da Liberdade) e de Otaviano Pimenta, onde foram sepultados no Cemitério Campo Santo, da Santa Casa da Bahia. Castro Alves e Seabra batalharam ambos, cada qual a seu modo, pela causa da Liberdade. Por isso jamais a memória dos dois se apagará do coração do povo Baiano. Os funerais foram custeados pelo governo da Bahia, de acordo com a resolução do interventor federal, Coronel Pinto Aleixo.

Um mês após o falecimento de J. j. Seabra, o advogado Nelson Carneiro reuniu os quatro filhos do morto no cartório d 1ª Vara de Órfãos e Sucessões para dar conhecimento da herança que lhes deixara o pai. O inventário, curto, é lido em alguns minutos. Seabra havia deixado um depósito de Cr$ 77.031,90 no Bank of Londin & South América e um outro de Cr$ 20,616,70, na Caixa Economica. Dos 77 mil cruzeiros depositados no Bank of London, 50 mil cruzeirs, no entanto, pertencia ao Dr. Guilherme Guinle (pagamento da dívida que contraíra quando do exilio em Paris). 

Inaugurada em Salvador no ano de 1948, a estátua do ex-governador baiano José Joaquim Seabra, mais conhecido como J. J. Seabra, foi confeccionada pelo escultor gaúcho Antônio Caringi e a Propriedade é Prefeitura Municipal do Salvador. Monumento que consiste em construção de blocos de granito composta por pirâmide central, dois pedestais retangulares e quatro ordens de degraus na base; sobre os pedestais, na parte frontal, estátua de J.J.Seabra e na posterior figura feminina simbolizando a Democracia, ambas em tamanho natural, de bronze. Afixadas a pirâmide, placas em relevo, no mesmo material representativo das realizações do homenageado. Dados Técnicos: Material: Bronze e Granito; Técnica: Fundição; Dimensões: Altura (total) = 10,50m, Base = 33,20m (Circunferência). Está localizado na Praça da Inglaterra, no Comércio. É também sítio histórico de número SNIIC ES-11720

Estátua de  J. J. Seabra – Fonte: Licenças creative commons

Em 21 de agosto de 1955, quando ocorreu o primeiro centenário de nascimento de José Joaquim Seabra, destacado vulto do cenário político da vida nacional. Assim, não só no Rio de Janeiro, mas no Estado natal daquele brilhante brasileiro, a Bahia, realizaram-se várias solenidades evocativas do brilhante espírito que foi eminente baiano.

Teve a Medalha José Joaquim Seabra – emitida no centenário 1855 / 1955. Gravador: Montini - Metal: Bronze - Dimensão: 70mm - Peso: 125g.  Apresenta:

  • ANVERSO: Efígie do homenageado e legenda: JOSÉ JOAQUIM SEABRA / 1912 A 1916 / 1920-1924 / NASCIDO NA CIDADE DO SALVADOR A 21-8-1855 / FALECIDO NO RIO DE JANEIRO A 5-12-1942
  • REVERSO: Imagem do Palácio Tomé de Souza e legenda: A CIDADE DO SALVADOR AO SEU GRANDE FILHO / 1855 – 21 DE AGOSTO – 1955

Fonte: Museu das Medalhas Brasileiras – J. J. Seabra – 1955

No Rio, as homenagens que serão prestadas pela câmara dos Deputados, Senado Federal e Câmara dos Vereadores, programou várias palestras radiofônicas (Radio Jornal do Brasil e Radio Globo), nas quais são traçadas as principais fase da vida de J. J. Seabra. Na Casa da Bahia, no Rio, esta organizado um programa de palestras sobre a vida e obra de J. J. Seabra, bem como uma exposição de seus trabalhos, inclusive de pareceres e projetos de sua autoria como ministro e deputado.

Em Salvador, teve sessão solene da Assembleia Legislativa, visita a estátua, falando o prefeito da cidade que ali depositará uma coroa de flores; sessão solene na câmara municipal; inauguração da Exposição Seabra, no Instituto histórico, missa solene na Catedral; romaria ao túmulo, com ônibus a disposição do povo; sessão solene de encerramento no Instituto, falando o professo Pinto de Carvalho.

O carimbo comemorativo ao 1º centenário de nascimento de José Joaquim Seabra, foi aplicado na Diretoria Regional dos Correios e Telégrafos do Distrito Federal. Características: Carimbo de metal, obliterado, circular, com 35 mm, de Diâmetro, sendo a tinta empregada de cor preta. (Edital nº 40/55 de 11 de agosto de 1955).

Fonte: O Cruzeiro: Revista (RJ) - 01 de outubro de 1955

Fontes consultadas:

>> Biblioteca Nacional digital Brasil -O Monitor (BA) - 21 de novembro de 1877

>> Biblioteca Nacional digital Brasil -Gazeta da Bahia : A "Gazeta da Bahia" é propriedade de uma Associação (BA) - 10 de janeiro de 1879

>> Biblioteca Nacional digital Brasil -Gazeta da Bahia : A "Gazeta da Bahia" é propriedade de uma Associação (BA) - 09 de abril de 1879

>> Biblioteca Nacional digital Brasil - Anais da Biblioteca Nacional (RJ) -  1881

>> Biblioteca Nacional digital Brasil - Jornal de Recife (PE) - 24 de novembro de 1895

>> Biblioteca Nacional digital Brasil - Jornal de Recife (PE) - 07 de dezembro de 1895

>> Biblioteca Nacional digital Brasil - Diario de Pernambuco (PE) - 07 de dezembro de 1895

>> Biblioteca Nacional digital Brasil - Jornal de Recife (PE) - 15 de outubro de 1931

>> Biblioteca Nacional digital Brasil - Diario Carioca (RJ) - 06 de dezembro de 1942

>> Biblioteca Nacional digital Brasil - Correio Paulistano (SP) - 06 de dezembro de 1942

>> Biblioteca Nacional digital Brasil -  Correio da Manhã (RJ) - 06 de dezembro de 1942

>> Biblioteca Nacional digital Brasil - Diario de Noticias (RJ) - 06 de dezembro de 1942

>> Biblioteca Nacional digital Brasil -  Jornal do Brasil (RJ) - 06 de dezembro de 1942

>> Biblioteca Nacional digital Brasil - Gazeta (PI) - 09 de dezembro de 1942

>> Biblioteca Nacional digital Brasil - Correio Paulistano (SP) - 11 de dezembro de 1942

>> Biblioteca Nacional digital Brasil -  Jornal do Commercio (RJ) - 11 de dezembro de 1942

>> Biblioteca Nacional digital Brasil - Diretrizes : Politica, Economia, Cultura (RJ) - 16 de dezembro de 1942

>> Biblioteca Nacional digital Brasil - Diretrizes : Politica, Economia, Cultura (RJ) - 17 de dezembro de 1942

>> Biblioteca Nacional digital Brasil -  O Malho (RJ) - 1943

>> Biblioteca Nacional digital Brasil - Correio da Manhã (RJ) - 18 de agosto de 1955

>> Biblioteca Nacional digital Brasil - Correio da Manhã (RJ) - 19 de agosto de 1955

>> Biblioteca Nacional digital Brasil - O Cruzeiro : Revista (RJ) - 01 de outubro de 1955

>> Camara de Deputados - Projecto do Codigo civil brazileiro : trabalhos da Commissão Especial da Camara dos Deputados : mandados imprimir pelo ministro do interior, Dr. Sabino Barroso Junior

>> Comissão Permanente de Arquivo - CPArq - UFBA - J. J. Seabra

>> Faculdade de Medicina da Bahia - NOTÍCIAS SINÓPTICAS - Parte I – Artigo 59 - As exéquias de J. J. Seabra - Comoventes e solenes honras fúnebres na missa de corpo presente celebrada em câmara ardente armada no pomposo Salão Nobre da Faculdade de Medicina da Bahia 

>> História da Faculdade de Direito do Recife - Clóvis Beviláqua - Editora Universitária Universidade Federal de Pernambuco - UFPE - Coleção Nordestina - Publicado: 2012

>> Livro de Certidão de idade 1873 – José Joaquim Seabra

>> Lista dos Diretores (efetivo, interino e Pró-tempore) e vice-diretores da FDR (1828-2019)

>> Lista com os nomes dos Professores Catedráticos da Faculdade de Direito do Recife - FDR - 1828 - 1960 

>> Lista geral dos bacharéis e doutores que tem obtido o respectivo grau na Faculdade de Direito do Recife, desde a sua fundação em Olinda, no ano de 1828, até o ano de 1931

>> Livro de Registro de diplomas de Doutores 1833 – 1883 – página 22 v  - Acervo do Arquivo da FDR  

>> Livro de Registros dos diplomas e títulos de todos os empregados do corpo jurídico - 1828 - 1930 – página 78, 92v  - Acervo do Arquivo da FDR  

>> Livro de Registros dos diplomas e títulos de todos os empregados do corpo jurídico - 1828 - 1912 – página 149 e 172  - Acervo do Arquivo da FDR  

>> Meireles, Edilton - Do nascimento à vida pública (1855-1888)

>> Memória da Administração Pública Brasileira - José Joaquim Seabra

>> Memoria Historica Academica 1879 - lida em sessão da Congregação de 28 de Fevereiro de 1880 pelo Dr. João Vieira de Araujo, lente substituto.

>> Memoria Historica Academica 1881 - lida perante a Congregação pelo Dr. José Joaquim Seabra, lente substituto

>> Mapas Cultura gov br - ESTÁTUA J. J. SEABRA - Nº SNIIC: ES-11720

>> Museu das Medalhas Brasileiras - J. J. Seabra - 1955

Data da última modificação: 21/08/2021, 15:03