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Guia reúne diretrizes de prática clínica da mucosite decorrente da terapia do câncer

O rol de protocolos foi elaborado com a participação do professor Luiz Alcino Gueiros, de Estomatologia do Departamento de Clínica e Odontologia Preventiva

Por Renata Reynaldo

O artigo “MASCC/ISOO clinical practice guidelines for the management of mucositis secondary to cancer therapy”, publicado em agosto deste ano na revista Cancer pela Multinational Association of Supportive Care in Cancer (MASCC), uma associação internacional de especialistas de diversas áreas que estudam os cuidados de suporte ao paciente com câncer, apresenta diretrizes para o tratamento da mucosite oral, uma importante complicação do tratamento do câncer. O rol de protocolos, que foi elaborado com a participação do professor Luiz Alcino Gueiros, de Estomatologia do Departamento de Clínica e Odontologia Preventiva da UFPE, será usado como base do tratamento e estabelecimento de rotinas clínicas em todo mundo.

Como integrante do painel de especialistas que trabalhou neste documento, Gueiros destaca que o acesso a esse guia coloca o profissional de saúde diante da atualização dos avanços no conhecimento do problema. “Este documento possibilita um melhor planejamento da prevenção e tratamento da mucosite oral desde o nível individual, passando pelas rotinas dos serviços em clínicas especializadas e hospitais, e incluindo a organização dos sistemas de saúde regionais e nacionais”, ressalta. Como exemplo, o SUS incorporou em 2020 a laserterapia (uso da terapia de fotobiomodulação a laser) como estratégia de prevenção e tratamento deste problema, baseado também nas versões anteriores deste documento.

Para elencar as diversas alternativas terapêuticas já testadas, de modo a “adequar o cuidado clínico às realidades baseado nas melhores evidências científicas”, o professor Luiz Alcino cita que foram realizadas revisões sistemáticas, e os resultados mais relevantes desta primeira etapa foram então condensados na forma de guideline. O docente atuou no MASCC como social media, divulgando as ações do grupo nas redes sociais, e como coordenador assistente de uma das revisões sistemáticas que fundamentaram o guia e, ainda, participou como revisor em outro estudo desta natureza. “Além de gerar importantes frutos científicos, a Associação Multinacional de Cuidados de Suporte no Câncer reforça um grande senso de colaboração internacional, criando um ambiente extremamente amigável e cooperativo entre os participantes fomentando um melhor acesso às melhores práticas no cuidado de suporte ao paciente com câncer, favorecendo também cooperações científicas entre seus associados”, relata. 

O pesquisador adianta que os próximos passos do trabalho em equipe incluem tornar os guidelines disponíveis e acessíveis aos mais diversos grupos de profissionais e pacientes e, para tanto, eles serão traduzidos para vários idiomas, seguindo uma rigorosa política institucional de tradução. Adicionalmente, a MASCC está trabalhando em parceria com várias associações, incluindo a National Community Oncology Disseminating Association (NCODA) dos EUA, com o objetivo de divulgar os guidelines e tornar o padrão de cuidado mais uniforme em todo mundo. Ainda, o artigo possui acesso gratuito no site da revista.

A DOENÇA | A mucosite é uma complicação comum da radioterapia, da quimioterapia e do transplante de medula óssea. O quadro se caracteriza por eritema (vermelhidão) e úlceras (feridas) na mucosa de todo trato gastrointestinal. A mucosite oral é a apresentação mais frequente, e está associada a dor, dificuldade de alimentação/deglutição, tratamento com analgésicos opióides, e interrupções no tratamento oncológico. Em pacientes imunossuprimidos pelo tratamento, a mucosite oral está associada à bacteremia, maior tempo de internamento e maior risco de infecção.

O professor Gueiros afirma que “todo o quadro leva à piora da qualidade de vida do indivíduo durante o tratamento do câncer; estimativas atuais apontam que, aproximadamente, 100% dos pacientes tratados com radioterapia em cabeça e pescoço, 70% dos pacientes submetidos a transplante de medula óssea e 40% dos pacientes em quimioterapia irão desenvolver algum grau de mucosite oral”.

Mais informações
Departamento de Clínica e Odontologia Preventiva da UFPE
(81) 2126.8342

odontopreventiva.ufpe@gmail.com

Professor Luiz Alcino Gueiros
luiz.mgueiros@ufpe.br

Data da última modificação: 08/10/2020, 10:11