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Lançado número especial da revista Estudos Universitários “Tempos fundantes, tempos presentes: 100 anos de Paulo Freire”

Esse número especial faz parte das comemorações dos 75 anos da UFPE e do Centenário Paulo Freire

A Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) lançou, na manhã de ontem (30), em cerimônia virtual, o número especial da revista Estudos Universitários “Tempos fundantes, tempos presentes: 100 anos de Paulo Freire” (v. 38, n. 1, ano 2021). A publicação presta homenagem ao ex-aluno, professor e patrono da Educação brasileira, Paulo Freire, responsável pela fundação do Serviço de Extensão Cultural e da própria revista Estudos Universitários, em 1962.

Esse número especial faz parte das comemorações dos 75 anos da UFPE e do Centenário Paulo Freire. “Paulo Freire, na verdade, representa, na minha modesta concepção, a alma da Universidade Federal de Pernambuco. É a essência, aquilo que a gente tira de melhor da nossa Universidade”, afirmou o vice-reitor, Moacyr Araújo. 

Editada pela Pró-Reitoria de Extensão e Cultura (Proexc) em parceria com a Cátedra Paulo Freire da UFPE, a revista apresenta ensaios, entrevista, estudos, relatos, resenhas, ensaio visual, contos, cordel e poemas. Há também uma publicação especial inédita: uma carta escrita por Paulo Freire, em 31 de maio de 1968, desde Santiago, no Chile, a seu amigo Ariano Suassuna. Na correspondência, Paulo Freire agradece o apoio do amigo desde o início da perseguição política, que resultou no exílio de Freire naquele país. O documento faz parte do acervo documental do escritor Ariano Suassuna (também ex-professor da UFPE), que foi organizado, em 2007, sob coordenação do professor Carlos Newton Júnior.

De acordo com o editor da revista, Adriano Dias de Andrade, o número especial dialoga, de forma crítica, com a vida e a obra de Paulo Freire. “Mais do que homenagem, apresentamos, nesta edição, um retrato da importância do pensamento de Paulo Freire, cidadão do Recife e do mundo. E da sua influência, que é capaz de perpassar as transitórias e artificiais paredes que podem ser erigidas na delimitação das áreas dos saberes. Os textos deste volume dialogam com múltiplas nuances da obra de Paulo Freire, atualizam as reflexões para este nosso tempo presente, pandêmico e desafiador”, disse.

“A figura de Paulo Freire, me parece, ela condensa o que mais precisamos hoje em termos de intelectualidade”, defendeu o pró-reitor de Extensão e Cultura, Oussama Naouar. “Não é por acaso que ele é objeto de ataques tão virulentos. Paulo Freire, de certa maneira, é a expressão de um intelectual orgânico que encarna essa vanguarda modelizadora de uma sociedade a vir”, completou.

“Esta homenagem é um testemunho que comemorar o centenário de Paulo Freire é festa. Festa, sim, mas não é somente festa. Comemorar o centenário de Paulo Freire é reafirmar os seus princípios e testemunhar a sua atualidade. É isso que a revista Estudos Universitários, no seu número 38, está fazendo. Comemorar o aniversário, o centenário de Paulo Freire, é também memória e atualidade”, destacou a coordenadora da Cátedra Paulo Freire da UFPE, Eliete Santiago.

PROGRAMAÇÃO – O evento de lançamento também contou com apresentação musical do estudante Daniel de Melo Alves, do curso de Letras da UFPE. Houve ainda duas palestras com docentes autores de trabalhos publicados no número especial da revista Estudos Universitários.

O professor José Francisco de Melo Neto, da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), falou sobre as ideias e a visão de mundo de Paulo Freire, “um pensador moderno, que apresenta a educação como uma prática para a liberdade na vida social”. O docente abordou conceituações freireanas, desde a pedagogia do oprimido, passando pela pedagogia da autonomia, pedagogia da indignação até a pedagogia da esperança. Conforme o palestrante, o pensamento de Paulo Freire apresenta as suas denúncias e a superação delas para uma vida melhor em seus diversos campos.

Já a professora Rosangela Tenório, do Centro de Educação (CE) da UFPE, enfocou Paulo Freire como um teórico pós-colonial, que faz contrapontos à epistemologia colonial com bastante precisão, ética e rigor acadêmico. De acordo com ela, Freire é um pensador da ação, que apresenta ideias revolucionárias para a libertação diante de cenários de relações sociais assimétricas, que subalternizam grupos humanos.

Data da última modificação: 01/10/2021, 12:48