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Exposição e filme com material etnográfico sobre os Hupd'äh da Amazônia estão na programação desta semana em Manaus (AM)

Material exibido nestas duas produções visuais que está vindo ao público pela primeira vez é do acervo etnográfico do professor Renato Athias, da UFPE

A exposição fotográfica “Os Caminhos dos Hupd'äh – Floresta, Espíritos e Rios” e o filme “As Palavras Encantadas dos Hupd'äh da Amazônia, Mestres de Saberes Narrados por Renato Athias” trazem a realidade dos povos indígenas de recente contato da região do alto Rio Negro ao público de Manaus (AM), em atividades que acontecerão nos dias 15 e 19 deste mês. Os materiais que estão em evidência nestas duas produções visuais que estão vindo ao público pela primeira vez são do acervo etnográfico do antropólogo e professor Renato Athias, do Departamento de Museologia e Antropologia (DAM) da UFPE, que atua nesta imensa região, como pesquisador desde os anos 1970.

A exposição será inaugurada no dia 15, no auditório da Faculdade de Ciências Agrárias (FCA) da Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Setor Sul, no Campus Universitário-Coroado, das 14h às 17h. O filme será exibido no dia 19, no Centro Cultural Palácio da Justiça, Avenida Eduardo Ribeiro, 902, Centro, das 15h às 17h.

São os seguintes os povos indígenas de recente contato na região do Alto Rio Negro: os Nadëb, os Dâw, os Hupd'äh e os Yohup, que fazem parte de uma família linguística específica, que linguistas e antropólogos estão denominando atualmente de Nadahupy. Estes povos habitam áreas distintas nas Terras Indígenas do Alto Rio Negro. Estão em Manaus duas lideranças, o Dâw Roberto Sanches e o Hupd'äh Américo Socot, que chegaram ontem (12), vindos dessa região especificamente para acompanhar as atividades da exposição e da exibição do filme com seus importantes comentários e seus relatos sobre situação atual desses povos nesta vasta região do município de São Gabriel da Cachoeira, e, sobretudo, vieram buscar apoio para suas iniciativas e suas demandas concretas junto às autoridades da Universidade do Amazonas e outras autoridades encarregadas de executar as políticas públicas.

Segundo o professor Renato Athias, o acervo etnográfico foi digitalizado em 2019 e 2020 pela Universidade do Texas, através do projeto coordenado pelo Arquivo das Línguas Indígenas da América Latina (AILLA) em Austin, que agrupa acervos etnográficos sobre as línguas indígenas de diversos países. “Este processo de digitalização tem um impacto muito grande, pois possibilita uma ação de devolução aos povos indígenas de materiais coletados e que carregam uma riqueza de informações etnográficas”, destaca ele.

Tanto a exposição fotográfica quanto o filme mostram a cosmologia dos Hupd'äh, em outras palavras, como eles próprios pensam“ a Humanidade é a natureza”, pois, para eles, não há separação entre as ordens: mineral, vegetal, animal e humana. A música e as palavras têm um poder transformador, muitas vezes incompreensível para outras culturas.

Para o professor, o filme e a exposição procuram dar voz também a mestres indígenas, colaboradores de pesquisa, Bihit, Mehtiw e Casimiro, chefes de clãs Hupd'äh, que viveram na zona interfluvial dos rios Papuri e Tiquié na bacia do Rio Uaupés, no noroeste da Amazônia brasileira. Este filme oferece novos caminhos para a reflexão sobre as relações entre humanos e não humanos. O filme foi produzido pela produtora francesa World Culture Diversity e dirigido pela cineasta franco-iraniana Mina Rad.

Data da última modificação: 13/06/2022, 15:41