Notícias Notícias

Voltar

UFPE tem três teses contempladas em Prêmio Capes de Tese 2020

O prêmio reconhece os melhores trabalhos de conclusão de doutorado defendidos em programas de pós-graduação no país

Por Allane Silveira

A UFPE teve três recém-doutoras contempladas pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes) no Prêmio Capes de Tese – Edição 2020. Receberam prêmios de melhor trabalho de conclusão de doutorado, em suas respectivas áreas de avaliação, as pesquisadoras Juliana Melo Pereira, do Programa de Pós-Graduação em Desenvolvimento Urbano (MDU); e Taíse Negreiros, do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social (PPGSS). A professora Eduarda Asfora, do Departamento de Engenharia de Produção, foi homenageada com a menção honrosa por tese defendida no Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Produção.

O prêmio reconhece os melhores trabalhos de conclusão de doutorado defendidos em programas de pós-graduação brasileiros de acordo com os seguintes critérios: originalidade do trabalho, relevância para o desenvolvimento científico, tecnológico, cultural, social e de inovação e o valor agregado pelo sistema educacional ao candidato. Uma tese é premiada em cada uma das 49 áreas de avaliação reconhecidas pela coordenação.

A pró-reitora de Pós-Graduação (Propg), Carol Leandro, explica que existe muito o que fazer ainda pela pós-graduação, mas considera um grande reconhecimento o resultado da avaliação. “Ter recebido a notícia da premiação de três teses da UFPE num dos mais concorridos e mais importantes prêmios no âmbito da Capes, a instituição máxima que nos avalia, foi uma grande alegria. Os critérios são muito rígidos. A Universidade ratificou sua posição entre as melhores universidades dos Brasil”, comemora.

De acordo com a Capes, esta edição bateu o recorde no número de candidatos, com um total de 1.421 teses submetidas à premiação. Foram 49 premiados e 94 menções honrosas. Vinte e quatro mulheres figuram entre os vencedores, um recorde histórico na premiação. Os autores das teses selecionadas recebem uma bolsa de estágio pós-doutoral em instituição nacional e seus orientadores, um prêmio para participação em evento acadêmico-científico nacional no valor de R$ 3 mil. Dos trabalhos agraciados, saem os vencedores do Grande Prêmio, oferecido ao destaque de cada uma das três grandes áreas do conhecimento: Ciências da Vida, Humanidades e Exatas. A cerimônia acontece em dezembro.

TRABALHOS – Selecionada na área de Planejamento Urbano e Regional/Demografia com o trabalho “Para florescer pessoas: o pensamento urbanístico de Gaston Bardet”, Juliana Melo explica as conclusões a que chegou a partir de sua pesquisa. “Eu precisei ir à França, estudar a obra de um teórico francês para entender que a chave de compreensão das nossas cidades está aqui. Nós, urbanistas, precisamos conhecer e vivenciar nossas cidades antes de qualquer plano ou intervenção, não existem soluções prontas. A noção de ‘evolução das cidades’ nos leva ao entendimento que cada aglomerado urbano é único, dotado de um corpo social e processo de transformação próprios”, conta.

A pesquisadora explica ainda que “quando pensou um urbanismo para ‘florescimento do ser’, Gaston Bardet definiu a atuação do urbanista como algo intrinsicamente ligado à apreensão da alma ou essência que permeia todas as coisas. Por isso, ao urbanista não poderia faltar a vontade de conhecer, tampouco a habilidade de sentir as transformações das cidades e das populações que nelas habitam. Portanto, ao considerar as cidades como manifestação da vida em sociedade, o urbanismo teria a capacidade de mudar, para melhor ou pior, as relações humanas”.

A tese teve orientação da professora Virgínia Pontual, que destacou a relevância do prêmio: “A UFPE e, especialmente, o MDU recebe a premiação em uma conjuntura adversa para a universidade pública, gratuita e de qualidade. Portanto, o prêmio tem um forte sentindo político e institucional. Não posso deixar de enfatizar que, para uma recém-doutora, é um reconhecimento de seus méritos e um estímulo à permanência em atividades de pesquisa, ensino e extensão”.

Taíse Negreiros, premiada na área de Serviço Social com a pesquisa “Tempo de aprendizagem flexível: as novas tendências de aprendizagem mediadas pelo uso das tecnologias da informação e comunicação para a classe trabalhadora brasileira”, conta ter ficado surpresa e define a seleção como “o reconhecimento de toda uma trajetória de luta e valorização do ensino público e laico e da universidade pública, fortemente ameaçada nesse atual contexto”.

Seu trabalho aborda o avanço do uso das Tecnologias da Informação e Comunicação (TICs) no processo de ensino e aprendizagem. “Na pesquisa, eu discuto sobre as principais contradições no uso desses recursos tecnológicos, que reiteram a precarização no acesso da classe trabalhadora a uma educação de qualidade”, explica Taíse, que é professora da Universidade de Brasília (UnB).

A pesquisa teve orientação da professora Ângela Santana do Amaral, que informa que, desde a instituição do concurso, o PPGSS acumula três Prêmios Capes de Tese e três menções honrosas. “Este prêmio vem reafirmar o imperativo de dar continuidade à construção de uma produção de conhecimento que é coletiva e comprometida com as problemáticas sociais do país e que, a meu ver, deve orientar, hoje, as ações da pós-graduação brasileira”. O PPGSS tem nota 6 na Capes e é considerado um programa de excelência no Brasil.

Eduarda Asfora, contemplada com menção honrosa com a tese “Método multicritério de elicitação por tradeoff interativo e flexível para a problemática de ordenação e para a tomada de decisão em grupo”, diz ter recebido como uma grande honra a notícia, devido, principalmente, “à alta concorrência com trabalhos de doutores extremamente capacitados de toda área de Engenharias III, que engloba diversas engenharias, além da Engenharia de Produção, dentre as quais Mecânica, Aeronáutica, Aeroespacial e de Energia”.

“Tendo em vista a alta complexidade do processo de tomada de decisão nas organizações e as dificuldades oriundas deste processo, a tese propõe uma nova metodologia de apoio à decisão multicritério para ordenação de alternativas com informação parcial e uma extensão dessa abordagem para apoiar situações de decisão em grupo com base nos conceitos de elicitação flexível do método multicritério FITradeoff. São apresentados na tese dois Sistemas de Apoio a Decisão (SAD): SAD para o FITradeoff na problemática de ordenação e SAD para decisão em grupo com FITradeoff, os quais se caracterizam como produtos tecnológicos que visam apoiar situações práticas de tomada de decisão dentro e fora das organizações, com um menor esforço cognitivo do decisor”, explica Eduarda.

A tese teve orientação do professor Adiel Teixeira de Almeida, para quem o reconhecimento e o sucesso na avaliação trazem diversos benefícios diretos e indiretos para os alunos e para a sociedade. “Para o programa, o prêmio é uma ratificação de seu elevado padrão de qualidade e corrobora o atual conceito 7, destacando-se que há apenas dois programas de Engenharia de Produção no país com esse conceito. Em 15 anos, esse é o quarto prêmio, numa área que tem mais de dez programas. É um bom indicador”, avalia o pesquisador.

Mais informações
Professora Eduarda Asfora (UFPE) – Engenharia de Produção

eafrej@cdsid.org.br
Arquiteta e pesquisadora Juliana Melo – Desenvolvimento Urbano
melo.arquiteta@gmail.com
Professora Taíse Negreiros (UnB) – Serviço Social 
taisenegreiros@yahoo.com.br

Data da última modificação: 06/10/2020, 18:45