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Nova direção da Faculdade de Direito do Recife toma posse

Torquato Castro Júnior e Antonella Galindo assumem compromisso com escuta ativa e mais participação da comunidade

A nova diretoria eleita do Centro de Ciências Jurídicas (CCJ) da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) tomou posse ontem (17) em cerimônia realizada no Salão Nobre da Faculdade de Direito do Recife (FDR), sob a presidência do reitor Alfredo Gomes, com presença de autoridades de todo o estado. O diretor Torquato Castro Júnior e a vice-diretora Antonella Galindo foram escolhidos em eleição realizada no dia 13 de fevereiro. A dupla ganhou o pleito com 57,42% dos votos dos três segmentos do centro: docentes, técnicos administrativos e estudantes. Os professores assumem a função para um mandato de quatro anos e sucedem Francisco de Queiroz Bezerra Cavalcanti e Ivanildo de Figueiredo Andrade de Oliveira Filho, que estiveram à frente da diretoria da FDR/CCJ por oito anos.

Fotos: Raiane Andrade

Reitor dá posse aos novos docentes à frente da FDR/CCJ

Torquato ressaltou o papel da comunidade na construção da chapa com a qual concorreu à direção do CCJ. “A candidatura não foi uma invenção minha, ela corresponde a um desejo da comunidade”, explicou. Ele lembrou a necessidade de mudanças significativas pelas quais, segundo ele, a faculdade precisaria passar. “A reflexão para pensar a FDR é a sua inacessibilidade: como estamos próximos e, ao mesmo tempo, distantes dos que precisam. Estamos de costas para a cidade em muitos sentidos, principalmente, para as pessoas mais carentes. A faculdade é inacessível. A todos deveria ser facultado o acesso a lei”, defendeu. O novo diretor pautou todo o seu discurso na reflexão sobre o caráter excludente do meio jurídico e se comprometeu a construir uma gestão atenta para mudanças regimentais e curriculares do curso.

A vice-diretora Antonella Galindo, primeira pessoa trans a assumir um cargo de direção na UFPE, ressaltou o simbolismo da sua participação na chapa eleita. “Não ignoro que chamou muita atenção, inclusive na mídia nacional, a minha eleição como vice-diretora desta casa. E, não obstante eu ter qualificações profissionais e curriculares para aqui estar, o que realmente propiciou toda essa divulgação não foram elas e, sim, minha condição de mulher transgênero”, afirmou. Ela lembrou a responsabilidade que a nova direção tem pela frente e reafirmou o compromisso com uma escuta ativa e com participação da comunidade. “Ambiciono fazer uma boa gestão para que, depois de mim, eu possa ver mulheres trans e travestis serem mais respeitadas. Quero que o olhar de nosso fazer direito e o ensino jurídico sejam antidiscriminatório, antilgbtfóbico, antimachista, anticapacitista, antirracista, antimisógino - um olhar humanista, inclusivo e a favor da diversidade”, corroborou. Ela lembrou que, enquanto assumia o cargo, o Brasil ostentava, pelo 14º ano seguido, o 1º lugar em número de assassinatos de pessoas trans no mundo.

A professora Angela Simões, responsável pelo discurso em homenagem à nova diretoria, ressaltou a importância da representatividade na escolha dos novos diretores. “Essa sinalização foi e é importantíssima, porque nós somos a Faculdade de Direito mais tradicional, ao lado do Largo de São Francisco [Faculdade Direito da Universidade São Paulo]. Torquato teve a sensibilidade de escolher a sua vice. Deu luz, deu voz a quem já tinha”, celebra. Para a docente, o respeito à pluralidade e a diversidade são essenciais no exercício do Direito e foi especialmente importante na escolha da nova gestão da FDR, cujo conservadorismo foi lembrado pela professora.

Francisco Queiroz, na despedida, destacou a importância da FDR

Francisco Queiroz, atual decano da FDR, ao se despedir do cargo de diretor, observou como é difícil a missão que os professores recém-empossados teriam pela frente, principalmente, com relação às dificuldades em receber apoio e recursos para manutenção de infraestrutura e serviços do centro. O docente aproveitou o momento para destacar a importância da FDR. “Nós temos uma faculdade que se coloca entre as cinco melhores do país. No exame de Ordem (dos Advogados do Brasil - OAB), nenhuma do Norte e Nordeste chega perto de nós. Essa faculdade é rica pelos seus docentes e muito mais rica pelos seus discentes”, resume. “Desejo a vocês capacidade para lutar e defender essa quase bicentenária instituição”, finalizou.

TRANSFORMAÇÕES - O reitor Alfredo Gomes também incluiu em sua fala o tema das transformações pelas quais a Universidade tem passado ou deve passar. “A UFPE é uma instituição que vem mudando ao longo do tempo; era uma instituição conservadora, elitista, voltada para servir, por muito tempo, às classes econômicas, culturais, sociais privilegiadas do estado e do Brasil. Nos anos 2000, sobretudo no governo Lula, tivemos mudanças significativas nas universidades. De instituição de elite, a universidade entra numa linha de redemocratização e faz seu encontro com a população de uma maneira geral”, destacou. Alfredo aproveitou para se colocar à disposição em atender às especificidades da Faculdade de Direito do Recife, dentre elas, melhorias na assistência aos estudantes e na infraestrutura do prédio.

O vice-diretor Moacir Araújo defendeu a necessidade de uma visão mais aguçada sobre as reais necessidades da sociedade. “Nós precisamos fazer com que a FDR reassuma seu papel de protagonismo com relação às principais causas sociais e brasileiras. Nós precisamos de uma Faculdade de Direito mais ativa, mais próxima. Nós temos uma janela de oportunidade, com a curricularização da extensão, de fazer com que a FDR entre num novo momento e reafirme o que ela tem feito durante todos esses anos”, pontuou. O vice-reitor reforçou o compromisso da FDR com o que considera a pauta prioritária da Universidade: a redução da desigualdade social.

Data da última modificação: 19/04/2023, 15:56