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Evento da UFPE com representantes da Fiocruz e Opas discute lições da pandemia de covid-19 para a educação superior

Seminário foi realizado anteontem (20) e ontem (21) no CCEN, com transmissão via YouTube

Foto: Anderson Lima

Vice-reitor moderou a mesa de encerramento do seminário

Representantes da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas) no Brasil oferecem uma profunda análise do contexto da pandemia da covid-19 e do papel das universidades na mesa “Lições das emergências em saúde para a educação superior”, que fez parte do evento “Experiências e desafios no enfrentamento a emergências em saúde pública: o que aprendemos e temos a ensinar?”. Realizado pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), o encontro aconteceu anteontem (20) e ontem (21) de forma presencial no Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN), com transmissão no canal da UFPE no YouTube, onde as apresentações estão disponíveis.

“As universidades federais têm papel fundamental nas ações de enfrentamento e convívio com a pandemia”, afirmou o vice-reitor Moacyr Araújo, que moderou a mesa. “Foram dois anos de muito trabalho e aprendizado.” A conversa contou com a presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, que participou por meio de um vídeo gravado exclusivamente para o evento, e com a representante da Opas no Brasil, Socorro Gross, que marcou presença por meio de videoconferência e respondeu aos questionamentos do público após a apresentação. Ambas falaram sobre a atuação das entidades durante a pandemia e sobre o papel das universidades e instituições de pesquisa no combate à Covid-19.

Nísia Trindade destacou a importância do pacto representado pela Agenda 2030, com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU), para a redução das desigualdades, mas lembrou que a pandemia exacerbou-as ainda mais. “O impacto é desigual ainda que todos os países sejam atingidos”, disse. Falou também sobre o aumento das pessoas em situação de fome no Brasil, o agravamento de desigualdades estruturais, a sobrecarga dos sistemas de saúde, a demanda imposta aos sistemas de proteção social, o fornecimento de serviços básicos, os alunos fora das salas de aula, o desemprego e o fechamento de postos de trabalho.

A presidente da fundação falou sobre a transferência de tecnologia no caso da vacina Oxford Astrazeneca, produzida no Brasil pela Fiocruz, e a importância da comunicação e informação no contexto da pandemia. “A informação e a comunicação passam a fazer parte e precisam ser vistas como áreas estratégicas”, afirmou. Para ela, a pandemia reforçou a necessidade de: investimento em ciência, tecnologia e inovação; descentralização de bens de saúde (vacinas, medicamentos, testes); reforço dos sistemas de saúde e proteção social; reforço da governança global; e fortalecimento da abordagem interdisciplinar em saúde e particularmente em emergências de saúde.

A instabilidade no investimento público em ciência e tecnologia e a reorientação da pesquisa e desenvolvimento em prol do interesse público global foram outros temas abordados. “A questão do que aprendemos com a pandemia passa também pelo grande desafio global de pensar a ciência, a tecnologia e a inovação em cenários democráticos, afirmando uma cultura democrática”, destacou. “Não se trata de acreditar ou não na ciência, mas de confiar na ciência, pela forma como esse conhecimento científico é validado a partir de pesquisas e investigações que só são possíveis por causa de instituições como as universidades e as instituições de ciência e tecnologia”, concluiu Nísia Trindade.

Socorro Gross abriu sua explanação dizendo que os sistemas únicos de saúde nas Américas foram os que desempenharam melhor durante a pandemia, enquanto sistemas fragmentados ou dependentes de transação econômica tiveram desempenho pior. A escassez de recursos humanos, especialmente no âmbito da enfermagem, e a dificuldade para sua retenção foram dois outros problemas enfrentados. “O desafio foi mais de recursos humanos do que de medicamentos”, lembrou. “A formação de recursos humanos precisa de tempo e não pode depender de planos de governo, mas de estado”, disse, afirmando que esse olhar deve olhar em conta o ingresso de diferentes classes sociais nas universidades.

Além das funções específicas da atenção primária, a representante da Opas no Brasil falou também sobre a necessidade de formação em outras funções fundamentais de saúde pública, como gestão e logística, com foco em recursos humanos não só para hospitais. Para ela, o Brasil tem muita riqueza e muito talento e pode desenvolver polos de pesquisa e inovação. “As universidades continuam sendo motores de desenvolvimento”, frisou. Confira também a cobertura da abertura do evento, que debateu experiências das universidades no retorno presencial das atividades acadêmicas e administrativas com a presença da Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes). 

Data da última modificação: 22/06/2022, 15:47