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Cerimônia que exalta a educação confere a Jorge Siqueira o título de Professor Emérito da UFPE

Ex-diretor do CFCH, o docente atuou nas áreas de Ciências Sociais, Ciência Política e História

Em cerimônia realizada ontem (25) no auditório do Centro de Educação, o professor aposentado Antônio Jorge Siqueira tornou-se o mais novo professor emérito da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Tendo como orador principal o seu colega e também professor do Departamento de História Antônio Montenegro, o evento foi regado de reminiscências que permearam tanto o discurso panegírico, que apresenta o homenageado, quanto o de agradecimento. Ambos realçaram a relevância da formação de Siqueira que, desde a infância entre o Sertão pernambucano e paraibano, teve a educação como norteadora da sua vida. Para o reitor Alfredo Gomes, a homenagem engrandece a instituição “por reconhecer os méritos pessoais e acadêmicos de um dos seus melhores membros”.

Fotos: Bernardo Sampaio

Título foi entregue pelo reitor Alfredo Gomes, em evento no CE

Em sua “festa”, Jorge Siqueira contou com a presença de antigos amigos da juventude, quando fez seminário na Paraíba e em Viamão, no Rio Grande do Sul, assim como colegas da UFPE, onde ingressou em 1971. Ao agradecer a honraria, Siqueira afirmou que aquele momento foi um dos mais importantes da sua vida e relatou que “nada foi mais importante para minha construção pessoal do que minha formação em Filosofia e o meu engajamento na política estudantil, quando estive no seminário no Rio Grande do Sul”. “Tudo o que fui e sou devo aos meus sonhos, à Igreja e aos padres que propiciaram minha formação; pois a educação é a semeadura dos sonhos e antídoto do negacionismo”, completou.

Como reconhecimento da trajetória de quem tem, nas suas palavras, um estilo “desassombrado, corajoso e ético”, Montenegro pontuou aspectos que demarcam a vida acadêmica do colega – “ao mesmo tempo em que ele continua a orientar pesquisas de seus alunos, criou um novo projeto de extensão” – e destacou passagens de três das obras mais relevantes de Siqueira: “Labirintos da Modernidade: memória, narrativa e sociabilidades”, “Sertão sem Fronteiras: memórias de uma família sertaneja”, e “Os Padres e a Teologia da Ilustração – Pernambuco 1817”. A comissão de honra, que introduz o homenageado no âmbito da solenidade e é escolhida pelo próprio, foi composta pelos professores Ana Cabral, Antônio Carlos Maranhão Aguiar, Antônio Paulo Rezende, Gilson Edmar, José Batista Neto, Maria Isabel Pedrosa e Paulo Henrique Martins. O vice-reitor Moacyr Araújo e a diretora do CFCH, Conceição Lafayette, participaram da mesa da cerimônia. Diversos docentes, técnicos e familiares prestigiaram o evento.

PERFIL – A justificativa para a indicação relata que Jorge Siqueira é paraibano, nascido na cidade de Monteiro e filho de agricultores e com 11 irmãos, entrou ainda cedo no Seminário de Pesqueira e, posteriormente, de João Pessoa, onde iniciou a sua formação escolar. Em seguida, graduou-se em Teologia na Universidade de Friburgo na Suíça, quando abdicou do projeto sacerdotal e, em 1968, seguiu para a França, onde realizou o mestrado em Ciências Econômicas e Sociais, na École des Hautes Études en Sciences Sociales.

De volta ao Brasil, no início da década de 1970, dedicou-se ao magistério superior. Em 1971, tornou-se professor de Antropologia Social na Escola Superior de Relações Públicas (Esurp) no Recife e, no ano seguinte, veio a ministrar essa mesma disciplina na Universidade Católica de Pernambuco (Unicap). Ainda neste ano, ingressou no Departamento de Ciências Sociais da UFPE como professor, indo ministrar a disciplina Sociologia Geral na antiga Área I. Em 1974, foi indicado coordenador da Área I, função que ocupou até 1976, quando solicitou afastamento para realizar o seu doutorado em História Social na Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas da USP. Em 1981, obteve o grau de doutor em História com a tese intitulada “Ilustração e Descolonização: o Clero na Revolução Pernambucana de 1817”.

Jorge Siqueira relembrou sua história e sua formação intelectual

HUMANISMO – Essa sólida e ampla formação humanística, que trilhou ao longo de todos esses anos, também o obrigou a aprender diversas línguas, como o francês, o alemão, o italiano e o latim. Em seu retorno do doutorado, o professor Antônio Jorge de Siqueira passou a integrar o corpo docente do Programa de Pós-Graduação em História, desempenhando a função de coordenador no período de 1982 a 1985. Atuou como docente na Pós-Graduação em Ciência Política e na graduação do Departamento de Ciências Sociais da UFPE.

Em 1992, foi eleito para o cargo de diretor do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH) por maioria dos votos de professores, estudantes e funcionários, mas, infelizmente, não foi nomeado pelo então reitor. Em 1993, na gestão do prefeito Jarbas Vasconcelos, foi nomeado diretor do Departamento de História e Documentação da Fundação de Cultura da Cidade do Recife (FCCR), onde realizou diversos convênios e atividades conjuntas com a Faculdade de Filosofia Ciências e Letras de Viamão, transformada em 2004 no Campus de Viamão da Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul.

Assumiu esta diretoria sem abdicar de seus compromissos acadêmicos na UFPE. Em 1995, deixou a diretoria do Departamento de História e Documentação para assumir a tutoria do Programa Especial de Treinamento (PET-Capes) de Ciências Sociais do CFCH-UFPE. Nesta função de tutor/orientador de um conjunto de estudantes selecionados na graduação de Ciências Sociais, teve um papel de destaque no fortalecimento da formação de jovens estudantes. Com a sua forma de liderança foi escolhido membro Permanente do Comitê do Programa Especial de Treinamento (PET-Capes), para o período de 1997 a 2000. Ainda em 1995, foi convidado pelo então diretor do Centro de Tecnologia e Geociências da UFPE, professor Antônio Carlos Maranhão de Aguiar, para coordenar a publicação de dois livros comemorativos do centenário da Escola de Engenharia de Pernambuco, considerada como um dos pilares da fundação da Universidade. Aceitou o convite, vindo a constituir o corpo de organizadores dos livros “Outras Histórias” e “Engenheiros do Tempo”.

Em 1996, foi incentivado por colegas professores, estudantes e funcionários do CFCH a reapresentar-se para novo pleito eleitoral ao cargo de diretor do CFCH, tendo sido eleito e, desta vez, empossado. Exerceu o cargo de diretor em dois mandatos, período em que realizou uma política de fortalecimento e ampliação dos cursos de graduação e pós-graduação do CFCH.

Também implementou diversas melhorias no prédio do CFCH, destacando-se a questão de acesso à biblioteca. Engajado no tema, formou um grupo para ampliar a discussão onde muitos alunos e professores participaram constituindo um processo democrático na prática. Como resultado, garantiu a ampliação e maior funcionalidade da biblioteca que deixou de ser por curso, tornando-se setorial do CFCH. As atividades de gestor e seus incontáveis compromissos não interromperam as suas atividades acadêmicas de aulas, orientações de mestrado e doutorado no Programa de Pós-Graduação em História, além de ter continuado a responder pela tutoria do PET de Ciências Sociais, atividade que veio a afastar-se apenas no início do seu segundo mandato como diretor do CFCH.

Data da última modificação: 26/11/2021, 17:41